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    Análise: 'The Square', indicado ao Oscar, enfoca mudanças no Egito

    DIOGO BERCITO
    DE JERUSALÉM

    20/01/2014 03h10

    A revolução egípcia irá concorrer ao Oscar de melhor documentário com "The Square" (a praça), disponível desde sexta no Netflix. O filme narra as insurgências que tomaram o Egito desde o início de 2011, quando o ex-ditador Hosni Mubarak foi jogado para fora do trono.

    Mas, em vez de mostrar uma imagem nítida a respeito da praça Tahrir, à qual se refere o título, "The Square" prova que a Primavera Árabe é um processo contínuo sobre o qual ainda não é seguro estabelecer conclusões.

    Caso tivesse sido produzido em 2011, talvez o filme provasse que a insurreição egípcia havia culminado em um segundo regime militar. No ano seguinte, poderia estar evidente que, na verdade, as manifestações haviam coroado o islamita Mohammed Mursi para a Presidência.

    Hoje, a impressão deixada parece estar resumida nas falas dos personagens, nas últimas sequências, quando afirmam que o povo egípcio não procura um novo líder, mas uma nova consciência.

    A Primavera Árabe começou, no Egito, como protestos pela deposição do ex-ditador Mubarak. Após sua queda, em fevereiro de 2011, o Exército desagradou à população, que exigiu eleições.

    A Irmandade Muçulmana, que lutara contra o regime durante décadas, conquistou a Presidência do Egito, apenas para um ano depois ser também retirada do poder.

    As mudanças na praça Tahrir são rápidas. No início, um dos protagonistas afirma:"Fui às ruas e descobri que as pessoas se sentiam como eu". Mais adiante percebe que os confrontos distinguem os revolucionários.

    Assim, a camaradagem entre o jovem Ahmad e o islamita Magdy se torna um ponto tenso na narrativa, a partir do momento em que a sociedade se vê dividida pelo projeto político oferecido pela Irmandade Muçulmana, a quem as leis islâmicas têm de ser incluídas na Constituição.

    É nesses conflitos que o documentário deixa evidente a riqueza de seu conteúdo, com a progressão não da liderança egípcia, mas da consciência de seus personagens -que, percebem, fazem parte de placas tectônicas distintas que se movem, se chocam e se sobrepõem.

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