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    Estreia série que conta cem anos de história do samba

    GISLAINE GUTIERRE
    DE SÃO PAULO

    26/01/2014 03h35

    Cem entrevistados, entre músicos, especialistas e pesquisadores, narram a história do samba na nova série que estreia hoje, às 21h30, no Canal Brasil. "100 Anos de Samba" terá 13 episódios de 25 minutos de duração, levados ao ar uma vez por semana.

    A proposta da produção, segundo o diretor Darcy Burger, é não só apresentar a história do samba, como mostrar outras vertentes do gênero, como o samba-rock, a gafieira e o samba-enredo.

    "O samba é grande demais, então cabe tudo, do Thiaguinho à Beth Carvalho, incluindo Paulinho da Viola, Monarco e outros", diz o diretor.

    Divulgação
    A sambista Beth Carvalho durante entrevista para a série "100 Anos de Samba", do Canal Brasil
    A sambista Beth Carvalho durante entrevista para a série "100 Anos de Samba", do Canal Brasil

    ORIGENS

    Os dois primeiros episódios mostram as origens do gênero no país.

    Na estreia, o músico Nei Lopes, o sociólogo Muniz Sodré e o compositor André Gardel são alguns dos entrevistados que reconstituem esses primórdios, tratando do samba de roda surgido na Bahia e do desenvolvimento do estilo no Rio —onde encontrou abrigo nas casas das "tias" ligadas ao candomblé, como a Tia Ciata.

    No segundo, o bairro carioca do Estácio como produtor e difusor de um samba novo, mais distante do maxixe, é o tema central.

    Embora a série tenha a proposta de retratar um século de samba, a produção não define um ponto de partida para a contagem. "Cada um acha que é uma coisa, então para não entrar num conflito, a gente resolveu iniciar a viagem no começo do século", conta Burger.

    O codiretor Guilherme Bryan diz que a série se aproxima do ano de gravação de "Pelo Telefone", por Donga, em 1916, o primeiro a ser registrado no país.
    polêmica

    A partir do terceiro episódio a série vai falar sobre as diferentes vertentes. É aí que entram entrevistados como Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Alcione e Thiaguinho.

    Burger, apesar de saber que o pagode romântico -representado por artistas como Belo, Exaltasamba e Negritude Júnior- faz muita gente torcer o nariz, considerou imprescindível tratar do tema.

    "A gente percebeu que não poderia fazer uma série verdadeiramente profunda sem falar do pagode romântico", diz Burger.

    Beth Carvalho desaprova a associação do estilo com o samba. "Tenho o maior respeito por eles, mas o samba tem uma linha melódica e um linha poética típicas e uma forma própria de cantar. Esse três quesitos não correspondem ao que eles fazem", diz à Folha.

    Para Beth, as letras dessas músicas não respeitam a mulher e carecem de poesia. "Tem muita coisa de periguete", diz. "O Thiaguinho declarou que ele era responsável pela mudança do samba. Talvez tenha mudado mesmo, porque não é mais samba, é outra coisa", diz.

    A Folha tentou ouvir Thiaguinho por meio da assessoria do Canal Brasil, mas não obteve retorno.

    Todas as entrevistas de "100 Anos de Samba" foram gravadas especialmente para a atração, exceto as com Elton Medeiros, que estava doente à época, e Paulo Vanzolini, que morreu antes que a equipe pudesse entrevistá-lo.

    A narrativa é apoiada totalmente nos depoimentos, ilustrados com imagens de época e de músicos que fizeram história.

    NA TV
    100 ANOS DE SAMBA
    Estreia da série documental
    QUANDO neste domingo (26), às 21h30, no Canal Brasil
    CLASSIFICAÇÃO livre

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