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    Crítica: Scorsese apresenta ofensiva e longa sucessão de vulgaridades

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/01/2014 03h03

    A filmografia de Martin Scorsese está repleta de personagens perturbados e excessivos, inseridos em um conjunto de relações de força e dominação a serviço de suas próprias perversões.

    O personagem central de "O Lobo", o corretor de títulos da bolsa de valores de Nova York, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), tem todas as características para figurar nesta galeria de tipos.

    Adaptado de um livro de Belfort, o filme é o retrato da ascensão e queda de um canalha ávido e cheio de lábia, guiado apenas pela cupidez. Belfort fez fortuna enganando pequenos poupadores.

    Divulgação
    Margot Robbie e Leonardo DiCaprio em cena do filme 'O Lobo de Wall Street
    Margot Robbie e Leonardo DiCaprio em cena do filme 'O Lobo de Wall Street'

    Movido a sexo, ambição e quantidades descomunais de drogas, Belfort galvanizava os vendedores de sua corretora com discursos inflamados sobre suas técnicas de venda pra lá de agressivas esgrimindo a promessa de rápidos e fabulosos ganhos.

    Ostentatório e hedonista, o estilo de vida —pontilhado de mansões nababescas, helicóptero, iate, carrões, festas orgiásticas com prostitutas de luxo— foi erigido como modelo pelos jovens corretores.

    Belfort foi condenado a quatro anos de prisão. Como delatou companheiros, passou só 22 meses atrás das grades, onde escreveu dois livros autobiográficos. A renda obtida com os livros, os direitos do filme e as palestras sobre sua técnica de vendas serve para reembolsar investidores.

    Durante três horas, Scorsese apresenta uma longa sucessão de vulgaridades que se revela ofensiva e monótona.

    O diretor não tem distanciamento em relação ao ubíquo personagem, lançando-lhe um olhar no limite da complacência. A parcialidade fica clara quando se constata que os personagens secundários são meros bufões e que as vítimas de Belfort brilham pela ausência.

    O cineasta quase se redime na perturbadora cena final, um convite à reflexão sobre a natureza humana, ao mostrar uma plateia de bocós ouvindo uma palestra de Belfort: tais espectadores somos nós, o público, um bando de cobiçosos extasiados pela saga de um tipo repugnante.

    O LOBO DE WALL STREET
    DIREÇÃO Martin Scorsese
    PRODUÇÃO EUA, 2013
    ONDE Kinoplex Vila Olímpia, Pátio Paulista Cinemark e circuito
    CLASSIFICAÇÃO 18 anos
    AVALIAÇÃO regular

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