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    Análise: Graças aos shows, Grammy já é evento musical do ano

    LÚCIO RIBEIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    28/01/2014 03h07

    Até que para um prêmio que se "consagrou" por ser feito pela indústria da música para bajular a própria indústria da música, o Grammy Awards 2014 foi uma festona e tanto. Não pelos prêmios em si, exatamente, um pouco óbvios dada a lista de indicados para as suas 82 láureas, divulgada em dezembro.

    Na nova era após as quebras de gravadoras e lojas de discos e consequente influência em número de vendagens e mudanças de comportamentos musicais em geral, o Grammy se tornou ainda menos a importância de um troféu e ainda mais a quantidade de artistas relevantes enfileirados no palco em apresentações ao vivo, durante sua festa de premiação.

    Mas, vá lá, os franceses do Daft Punk, a menina-fenômeno Lorde, o gigantesco duo de hip-hop Macklemore & Ryan Lewis e o produtor-cantor Pharrell Williams, talvez o homem do ano na música em 2013, foram os grandes ganhadores desse 56º Grammy.

    Mario Anzuoni/Reuters
    Nile Rodgers (esq.), Pharrell Williams, Stevie Wonder e o Daft Punk no Grammy
    Nile Rodgers (esq.), Pharrell Williams, Stevie Wonder e o Daft Punk no Grammy

    Agora, promover a primeira apresentação do Daft Punk na televisão em seis anos, botá-los num palco junto com Pharrell Williams, o guitarrista Nile Rodgers (Chic), trazer Stevie Wonder como convidado especial para cantar e tocar, fazendo dançar "Get Lucky" na plateia gente como Paul McCartney, 71, e Yoko Ono, 80, foi épico.

    BOTÕES E BEATLES

    A música, que foi condecorada como a "gravação" do ano, recebeu ao vivo citações de outras, virando um medley e lembrando "Le Freak", do Chic, "Harder, Better, Faster, Stronger", do próprio Daft Punk, e "Another Star", de Stevie Wonder. Também levantou a velha polêmica: estariam os robôs do Daft Punk apertando mesmo os botões para "tocar" a canção?

    Aconteceu uma reunião de Beatles no que ela é possível. Paul McCartney e Ringo Starr, os componentes vivos do quarteto inglês, tocaram juntos a canção "Queenie Eye", do álbum de Paul de 2013. Na plateia, estavam a viúva de John Lennon, Yoko Ono, e o filho do casal, Sean, impressionantemente a cara do pai.

    O "pacote Beatles" no Grammy faz muito sentido, porque os EUA comemoram na semana que vem os 50 anos da chegada da banda a Nova York, em 1964. Com a conquista do mercado americano, o grupo se transformaria no maior do mundo.

    O Grammy foi polêmico quando montou um supergrupo com Dave Grohl (Foo Fighters), Trent Reznor (Nine Inch Nails), Josh Homme (Queens of the Stone Age) e Lindsey Buckingham (Fleetwood Mac) para tocar duas músicas, uma da banda de Reznor ("Copy of A") e outra do grupo de Homme ("My God Is the Sun").

    A última música foi cortada para entrar um comercial da companhia aérea Delta, provocando revolta imediata em roqueiros nas redes sociais e ainda em Reznor, que xingou no Twitter com um profundo "fuck you" para os produtores do Grammy.

    Tudo isso, mais o casamento gay coletivo comandado por Queen Latifah, com música de Macklemore & Ryan Lewis ("Same Love") e envolvimento de Madonna, Metallica tocando depois de 23 anos sem ir à premiação (e ainda por cima acompanhado do pianista chinês Lang Lang) e a apresentação conjunta de Jay Z e sua musa Beyoncé fizeram do Grammy 2014 o evento musical do ano. E ainda estamos em janeiro.

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