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    Cinemateca terá de 'trocar pneu com o carro andando', diz ministério

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    29/01/2014 03h05

    O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Mario Borgneth, usa duas imagens para ilustrar seu plano para a Cinemateca: a instituição terá de "trocar o pneu com o carro andando" ou então "enfrentar os problemas com o barco navegando".

    "Não dá para fechar, arrumar e abrir novamente a instituição", diz ele. "Neste ano, vamos debater uma reforma do modelo de gestão."

    Mais antiga instituição de cinema do país, a Cinemateca Brasileira, vinculada à Secretaria do Audiovisual, completou um ano de crise administrativa em janeiro. Em 12 meses, sofreu uma redução de 80% do corpo funcional.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Mario Borgneth, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura
    Mario Borgneth, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura

    Borgneth, 54, assumiu a função de secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura em novembro. Naquele mês, o diretor da Cinemateca, Lisandro Nogueira, também tomou posse.

    Borgneth foi gerente do núcleo de documentários da TV Cultura, em 1998, e assessor especial do ministério da Cultura, de 2004 a 2008, quando participou do projeto de criação da TV Brasil.

    A Cinemateca ficou dez meses sem diretor oficial, após a ministra da Cultura, Marta Suplicy, ter exonerado o antigo diretor, Carlos Magalhães, em janeiro de 2013.

    Durante o período, o ministério interrompeu repasses de recursos à Sociedade Amigos da Cinemateca, organização que, em parceria com o governo, geria a entidade.

    O convênio, que movimentou R$ 105 milhões em cinco anos, está há um ano sendo investigada pela Controladoria-Geral da União.

    Borgneth e Nogueira negam que a Cinemateca ainda esteja vivendo uma crise.

    "Não quero saber do passado recente da instituição (crise)", escreveu Nogueira em sua conta do Twitter. "Quando assumi a Cinemateca Brasileira, em novembro, 90% dos serviços estavam paralisados. Hoje, 90% estão em funcionamento."

    Atualmente, uma mostra sobre o cinema brasileiro contemporâneo, que vai até 9 de fevereiro, está em andamento na instituição.

    Funcionários ouvidos pela Folha, porém, dizem que, por trás disso, serviços essenciais para a preservação da memória do cinema do país, como a restauração de películas, estão paralisados. "O funcionamento da instituição está normalizado. Não tem crise", rebate Borgneth.

    PARCERIA

    Para tocar os serviços da Cinemateca, uma organização social, a RNP (Rede Nacional de Pesquisadores), supervisionada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, passará a investir na entidade. A RNP cuida de editais de catalogação, restauração, difusão, documentação e preservação com duração de seis meses, que estão abertos para inscrição até hoje.

    Borgneth afirma que a RNP será só uma das parceiras da Cinemateca em 2014, e não uma nova gestora do órgão.

    Mas o secretário diz ver com "simpatia" o modelo de gestão via organizações sociais. No mecanismo, amplamente adotado pelo governo do Estado de São Paulo e criticado por setores do PT, o governo seleciona uma entidade privada sem fins lucrativos para gerir órgãos públicos.

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