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    Crítica: Atores e personagens de são mestres na arte de fingir em 'Trapaça'

    MARCELO COELHO
    COLUNISTA DA FOLHA

    31/01/2014 03h03

    Christian Bale exibe uma barriga respeitável nas primeiras cenas de "Trapaça". Sua companheira de golpes e estratagemas, Amy Adams, é bastante sedutora mas não esconde as ruguinhas e a pele com manchas de vários tipos.

    O divertido filme de David O. Russell insiste num realismo corporal bem distante dos padrões de perfeição hollywoodianos. A ideia talvez seja deixar toda a falsidade a cargo dos personagens —um casal de aventureiros especializado em tirar dinheiro de patetas falidos, nos Estados Unidos da década de 1970.

    Essa volta ao passado, com seu horroroso lastro de ternos berrantes e óculos gigantescos, serve sem dúvida ao propósito de representar com mais simplicidade, e toques de humor bem-vindos, um tipo de prática que assumiria dimensões astronômicas com os tombos financeiros da era Bush.

    Divulgação
    Jeremy Renner (esq.), como Carmine Polito e Christian Bale, como Irving Rosenfeld, em cena de 'Trapaça'
    Jeremy Renner (esq.), como Carmine Polito e Christian Bale, como Irving Rosenfeld, em cena de 'Trapaça'

    O mais interessante de "Trapaça" é mostrar que a ganância, o risco e o descuido não são exclusividade de investidores e golpistas. Também há muita temeridade do lado de quem os investiga, na figura do agente do FBI Richie DiMaso (o excelente Bradley Cooper).

    Sua tentativa de capturar alguns pilantras, usando o casal trapaceiro como isca, vai se tornando cada vez mais ambiciosa. Deputados, senadores, um prefeito (Jeremy Renner, também ótimo), além de chefões da máfia para piorar o caldo, acendem a descontrolada fogueira investigativa do policial.

    O espectador se deixa alegremente levar pelo jogo do "quem estará enganando quem". O problema desses filmes sobre golpes é que precisam ter uma trama complicada e ao mesmo tempo compreensível -de modo que a surpresa final faça um mínimo de sentido.

    Ao preço de ser um pouco longo, "Trapaça" se safa bem dessa encomenda —e dá tempo para que se possa apreciar os tiques, os ridículos e os acessos de uma coleção de tipos bizarros—, a cargo de atores que —como os personagens— são mestres na arte do fingimento.

    TRAPAÇA
    DIREÇÃO David O. Russell
    PRODUÇÃO EUA, 2013
    ONDE pré-estreia no Cinépolis Iguatemi Alphaville e JK; Espaço Itaú Augusta, Frei Caneca e Pompeia; Kinoplex Itaim e Vila Olímpia; Iguatemi, Cidade Jardim, Eldorado, Market Place, Pátio Higienópolis e Pátio Paulista Cinemark; Reserva Cultural; estreia em 7/2
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos
    AVALIAÇÃO bom

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