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    Prefeitura desmonta Gabinete do Desenho e leva acervo ao Ibirapuera

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    31/01/2014 03h19

    Depois de anunciar a transferência de parte das obras do acervo de arte municipal para a Oca, no Ibirapuera, o Museu da Cidade, responsável pela coleção, decidiu desmantelar o Gabinete do Desenho, aberto há dois anos num casarão na Consolação, e levar mais obras ao parque.

    Segundo Afonso Luz, diretor do Museu da Cidade, a ideia é reunir num só lugar as várias vertentes da coleção. "O recorte de desenho é bacana, mas agora estamos trabalhando com a coleção como um todo, sem separar as coisas", afirma. "Não queremos rebaixar a dimensão estética da produção de um artista."

    No lugar do acervo de desenhos, a Chácara Lane, onde ainda funciona o Gabinete, passará a abrigar uma escola municipal de curadoria a partir do segundo semestre.

    "Vai ser um lugar de curadorias experimentais", diz Luz. "Essa nossa primeira experiência com uma escola é também uma forma de pensar em futuros profissionais para os nossos museus."

    Parcerias agora estão sendo discutidas para definir a gestão da escola. Uma ideia é que professores do curso de história da arte da Unifesp sejam coordenadores do curso, mas a secretaria também estuda fechar uma parceria com o Mackenzie, que ocupa o terreno vizinho à Chácara Lane.

    Com a extinção do Gabinete do Desenho e a mudança das obras para a Oca, o parque Ibirapuera passa a centralizar a coleção municipal —rica em obras de Flávio de Carvalho, Geraldo de Barros e Tarsila do Amaral, entre outros.

    BRASIL E PORTUGAL

    Já o Ministério da Cultura e a Secretaria Municipal da Cultura voltaram atrás e desistiram de desalojar o Pavilhão das Culturas Brasileiras, também no Ibirapuera.

    O museu de antropologia e folclore foi instalado no parque na gestão do ex-secretário Carlos Augusto Calil, depois de reformas que custaram R$ 8 milhões em 2008.

    Juca Ferreira, atual secretário municipal de Cultura, chegou a aceitar uma proposta do MinC para transferir o acervo do parque para o prédio dos Correios, uma propriedade do governo federal no centro, deixando a área livre para um museu do governo português.

    Nesta semana, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, fez uma reunião com gestores municipais e anunciou que o Pavilhão não sairá do parque.

    A ministra disse à Folha que está "avaliando se é o caso também de ter um pavilhão português no mesmo local" e que "o interesse seria termos as matrizes da cultura brasileira num espaço contíguo" -já que o Museu Afro Brasil também está no parque.

    Por enquanto, estão paralisados os planos de ceder o prédio dos Correios à Secretaria Municipal da Cultura.

    Enquanto isso, a ministra insiste em ter um espaço para o museu português no Ibirapuera como contrapartida à cessão do Museu de Arte Popular, em Lisboa, para a criação de um centro cultural dedicado à arte brasileira.

    "Em retribuição, [pensamos em] ter uma representação portuguesa no Brasil", diz Marta. "O local que estudamos é o parque Ibirapuera, que tem a mesma importância que o espaço que o governo português nos oferece."

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