O compositor de música clássica japonês Mamoru Samuragochi, 50, surdo desde os 35 anos, pediu desculpas nesta quarta (5) ao confessar que não era o autor das obras que o tornaram famoso.
Samuragochi, chamado de "Beethoven japonês" pela revista americana "Time", confessou por meio de seu advogado que contratou uma pessoa para escrever suas principais composições.
"Comecei a utilizar alguém para que compusesse por mim em 1996, quando me pediram a trilha sonora de um filme pela primeira vez. Esta pessoa me ajudou em mais da metade da trilha original, porque meu problema de audição ficou pior", revelou o músico, que ainda não sofria de surdez total na época, mas tinha um quadro em constante agravamento.
Jiji Press/AFP | ||
O compositor surdo japonês Mamoru Samuragoch, em 2013 |
Samuragochi se tornou famoso nos anos 1990 com composições que viraram a trilha sonora de vídeo games clássicos, como "Resident Evil".
Apesar de ter ficado completamente surdo, ele continuou com a composição de obras, especialmente a "Sinfonia Nº1, Hiroshima", uma homenagem às vítimas da bomba nuclear que devastou a cidade do oeste do Japão em 1945.
Sua reputação cresceu com um documentário exibido em março de 2013 pelo canal público japonês NHK, com o título "Melodia da Alma", em que Samuragochi aparece compondo um réquiem para uma menina que perdeu a mãe na catástrofe do terremoto e tsunami de 11 de março de 2011.
Um apresentador da emissora pediu desculpas ao público em nome da NHK por "não ter descoberto, apesar das verificações, que [Samuragochi] não era o autor de suas obras".
A gravadora do músico, Nippon Columbia, também expressou "estupefação e revolta" com o caso. Outro enganado foi o representante japonês da patinação artística nos Jogos Olímpicos de Sochi, Daisuke Takahashi, que pretendia participar na competição na Rússia ao som de uma obra do "Beethoven japonês".
O compositor original ainda não foi identificado.