• Ilustrada

    Saturday, 18-May-2024 04:13:02 -03

    Show em SP mostra canções raras do repertório afrobrasileiro

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    08/02/2014 14h04

    Uma parte pouco conhecida da história da música brasileira ganhará nova atenção e novas vozes em shows neste final de semana em São Paulo.

    Em duas apresentações, neste sábado e neste domingo, no Sesc Vila Mariana, o maestro Letieres Leite, da Orkestra Rumpilezz, e os cantores Lucas Santtana, Juçara Marçal, Karina Buhr e Russo Passapusso interpretarão canções raras afrobrasileiras.

    Gravadas entre os anos 1920 e 1950, as músicas do show passam por ritmos como embolada, coco, jongo e maracatu. Muitas receberam, na época, as classificações de "macumba" e "candomblé".

    Zanone Fraissat - 11.jun.2011/Folhapress
    Letieres Leite durante show com a Orkestra Rumpilezz no BMW Jazz Festival, em 2011
    Letieres Leite durante show com a Orkestra Rumpilezz no BMW Jazz Festival, em 2011

    Mais para conhecer canções de importância histórica do que para encontrar clássicos, o show terá, entre outras raridades, as músicas "Batuque" —usada para acompanhar danças no Quilombo dos Palmares, gravada em 1929 pela cantora Stefana de Macedo— e "Babaô Miloquê", tido como o primeiro "batuque africano" registrado em disco no país, lançado por Josué de Barros em 1930.

    Os shows devem contar ainda com canções de artistas como Elsie Houston, Almirante, Vanja Orico, Jararaca e Ratinho e grupo Filhos de Nagô. Para todas, novos arranjos foram escritos por Letieres Leite, que também assina a direção musical.

    "Não é um show de hits. Só dá, no máximo, para reconhecer algumas melodias que você já ouviu, mas não sabe de onde vêm exatamente", diz a jornalista Biancamaria Binazzi, uma das idealizadoras do espetáculo.

    O repertório foi garimpado pelo projeto Goma-Laca, que, desde 2009, se dedica a estudar gravações de discos de 78 rotações —os avós dos vinis, bolachões feitos de cera de carnaúba e da goma que dá nome ao grupo. Além de Biancamaria, participa da pesquisa o também jornalista Ronaldo Evangelista.

    Como norte para as descobertas, Biancamaria e Evangelista adotaram especialmente os registros da discografia que pertenceu ao poeta Mário de Andrade (1893-1945), um dos pioneiros no estudo da música afrobrasileira.

    "Hoje tem uma certa moda, há uma procura grande por música brasileira, mas, em 1930, as pessoas eram presas por irem ao candomblé", conta Biancamaria.

    Após os shows, o repertório, em suas versões originais, poderá ser escutado também no site do projeto Goma-Laca, que reúne playlists, podcasts e artigos.

    GOMA-LACA
    QUANDO neste sábado, às 21h, e neste domingo, às 18h
    ONDE Sesc Vila Mariana, r. Pelotas, 141, tel. (11) 5080-3000
    QUANTO de R$ 4,80 a R$ 24
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024