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    Stylist brasileiro Paulo Martinez ganha obra fotográfica

    PEDRO DINIZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    08/02/2014 03h30

    "Falar de moda, se relacionar com 'as pessoas importantes da moda', todo esse entorno para ele é um aborrecimento." O depoimento de Paulo Borges, diretor da São Paulo Fashion Week, é um dos que dezenas de profissionais escreveram para desnudar Paulo Martinez no livro "Moda é F#%@".

    O stylist, ou editor de moda, que para muitos é o mais influente do Brasil —afinal, é dele a maioria da "arte final" dos looks desfilados no evento de moda paulistano—, se incomoda facilmente com perguntas sobre as engrenagens do seu ofício.

    "Que chatice falar de economia, história, crise... Vamos falar do meu livro?", disse à reportagem, que tentava entender o momento atual da indústria e sua influência nas imagens de moda.

    Gui Paganini/ffw_MAG!
    Foto de 2012 publicada em editorial assinado por Paulo Martinez na revista 'ffwMag!'
    Foto de 2012 publicada em editorial assinado por Paulo Martinez na revista 'ffwMag!'

    Os 33 anos de carreira compilados no livro de 336 páginas, que tem curadoria de Graziela Peres e Renata Mein, revelam a evolução do estilo nacional por meio de campanhas e editoriais.

    Há fotos da extinta revista "Moda Brasil", da "Elle", da "Made in Brazil" e da "Vogue", onde Martinez trabalhou como braço direito de Regina Guerreiro, uma das figuras mais importantes da moda nacional.

    Os índios, o erotismo e a cultura popular brasileira presentes no trabalho do "tio Paulo", como é chamado por tops como Carol Trentini, Ana Cláudia Michels e Carol Ribeiro, são compartilhados por fotógrafos da alcunha de Bob Wolfenson, Gui Paganini e Fábio Bartelt.

    "Não há uma cronologia. O livro foi pensado com base em minhas obsessões, que foram divididas em blocos", explica Paulo Martinez. A maior dessas obsessões, talvez, seja a de traduzir em imagens e roupas seu olhar sobre a identidade de moda brasileira.

    "Já percebeu que as revistas colocam peles no mês de fevereiro? É um absurdo. Há uma mania de acompanhar a cartilha que as revistas 'gringas' pregam e mostram como sendo tendência, uma palavra que, aliás, não suporto", diz ele.

    COLÔNIA

    Não faltam críticas ao consumidor da elite nacional. "Se tiver uma saia [Alexandre] Herchcovitch e uma Dolce & Gabbana, a mulherzinha vai lá e compra a da [grife] italiana. Somos totalmente colonizados nesse sentido."

    E se a moda é "foda" —"pelos baixos cachês, pelas blogueiras e pela crítica inexistente no Brasil"—, Martinez tenta combater a pasteurização da imagem em seu projeto mais autoral, a revista trimestral "ffwMag!".

    São os editoriais da publicação do grupo Luminosidade, que controla as semanas de moda mais importantes do Brasil, que dão gás à obra.

    Editoriais importantes —em que o stylist vestiu bonecos gigantes do Carnaval de Olinda com roupas de grife ou os do especial "Norte", com direito a uma "Santa Ceia" fashion— merecem ser vistos mais de uma vez.

    MODA É F#%@
    AUTOR Paulo Martinez
    EDITORA Luste Editores
    QUANTO R$ 85 (336 págs.)

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