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    Wilheim era urbanista 'mais influente de SP' desde os anos 1950, diz crítico

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    14/02/2014 13h19

    Morto na madrugada desta sexta (14), aos 85 anos, Jorge Wilheim foi o urbanista "mais ativo e influente" de São Paulo desde os anos 1950, na opinião de Guilherme Wisnik, crítico de arquitetura e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

    Uma espécie de herdeiro de Francisco Prestes Maia, que abriu avenidas e ajudou a moldar a malha urbana da cidade, Wilheim foi autor do projeto de reforma que transformou o vale do Anhangabaú em parque de pedestres e criou obras notáveis, como o Anhembi e o Teatro de Arte Israelita-Brasileiro, no Bom Retiro.

    Sua maior atuação, no entanto, foi desenvolvendo planos diretores para cidades como Goiânia, Natal, São Paulo e Curitiba, sendo esta última o exemplo mais bem-sucedido. "Wilheim tem uma parcela de responsabilidade por Curitiba ter se tornado nos anos 1980 um ícone de cidade de tamanho médio no mundo todo", diz Fernando Serapião, crítico de arquitetura e editor da revista "Monolito".

    É um pensamento que começou cedo em sua carreira, já que Wilheim participou do concurso do desenho do plano urbanístico de Brasília, perdendo para Lucio Costa, que executou o projeto com Oscar Niemeyer.

    "Ele é um urbanista de cartilha moderna, alguém que acreditava no planejamento, um grande plano coerente, para melhorar a vida da cidade", diz Wisnik. "Ele tinha uma visão sistêmica das coisas."

    Segundo Serapião, Wilheim não tinha "uma visão da cidade dividida em usos". "Não é um urbanismo utópico", afirma. "É uma tentativa de ordenar o crescimento das cidades."

    Seu projeto de ocupação do Anhangabaú com um parque dividiu a crítica. Na opinião de Wisnik, a esplanada projetada pelo arquiteto acabou "esvaziando o coração da cidade" e "esterilizou a função do Anhangabaú" como praça pública.

    Mas seu desenho e execução da obra do centro de convenções Anhembi é até hoje lembrado como sua obra mais notável do ponto de vista autoral. "Foi uma das primeiras obras desse tipo no Brasil", diz Wisnik. "É uma construção em treliças metálicas com vãos gigantes e elementos pré-fabricados."

    Em texto escrito para a "Ilustríssima" e publicado no ano passado, Wilheim compara a cobertura do Anhembi a uma "nuvem dourada". "Queria uma estrutura metálica leve que pudesse nascer e crescer como árvore", escreveu.

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