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    Crítica: 'Clube de Compras Dallas' é filme feito para dar Oscar a atores

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    21/02/2014 03h09

    Quem se lembra dos desempenhos de Charlize Theron em "Monster: Desejo Assassino" (2003) ou o de Christian Bale em "O Vencedor" (2010), entre tantos outros? O que têm em comum atores que sofrem transformações físicas radicais para representar dramas com máximo realismo? Em geral, são recompensados com o Oscar pelo "esforço de interpretação".

    Depois de conquistar o Globo de Ouro, é o que se espera que vá acontecer na noite de 2 de março com Matthew McConaughey pela atuação em "Clube de Compras Dallas".

    Até agora mais conhecido por ser um bonitão com um físico arrasa-quarteirão, McConaughey perdeu cerca de 21 quilos para representar o drama baseado na história real de Ron Woodroof, um eletricista texano vítima da Aids nos primeiros anos da epidemia há três décadas.

    Divulgação
    Jared Leto, como Rayon, e Matthew McConaughey, como Ron Woodroof, em cena do filme
    Jared Leto, como Rayon, e Matthew McConaughey, como Ron Woodroof, em cena do filme

    Jared Leto, seu colega de elenco menos malhadão, perdeu "apenas" cerca de 13 quilos para assumir as fragilidades de Rayon, o transexual que se torna parceiro de tragédia de Woodroof. Leto também venceu um Globo de Ouro de coadjuvante e é favorito ao Oscar na categoria.

    Se abstrairmos esse admirável talento elástico dos dois atores, o que sobra para justificar que o longa dispute o prêmio de melhor filme?

    Como diz a editora que contrata o repórter em "Philomena": o público quer histórias de "interesse humano", algo para se emocionar e aliviar a consciência para seguir adiante. Em outras palavras, quer "Truth Entertainment" (produtora de "Clube de Compras Dallas"), verdade-entretenimento.

    A saga de Woodroof reúne um punhado de ingredientes essenciais a esse tipo de pauta, como a conversão de um antipático homofóbico em simpatizante, o combate quixotesco de um doente à insaciável cobiça dos trustes farmacêuticos, a conduta irresponsável de médicos na aplicação do AZT sem levar em conta seus efeitos danosos ao organismo de pacientes já fragilizados pelo vírus HIV.

    A diferença de "Philomena" é que aqui não temos um diretor astuto que joga com a adesão emocional da plateia enquanto expõe os mecanismos de construção da história. O que temos é só um filme sob medida para seus atores ganharem o Oscar.

    CLUBE DE COMPRAS DALLAS
    DIREÇÃO Jean-Marc Vallée
    PRODUÇÃO EUA, 2013
    ONDE Kinoplex Itaim e circuito
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos
    AVALIAÇÃO regular

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