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    Miley Cyrus mistura polêmicas a raízes country na 'Bangerz Tour'

    CAROL NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    21/02/2014 12h02

    Se há uma coisa que a primeira turnê de Miley Cyrus em sua fase adulta deixa claro é que a cantora não é nenhuma novata. A "Bangerz Tour", que começou no último dia 14 em Vancouver, no Canadá, e passou pelo Honda Center, em Anaheim (a 40km de Los Angeles), nesta quinta-feira (20), mostra que Miley consegue combinar perfeitamente suas várias facetas, privilegiando sua atual imagem sensual e ousada sem deixar de lado a da menina de Nashville, filha de um cantor country, que ficou famosa ainda na pré-adolescência como a personagem da Disney Hannah Montana.

    Durante todo o show, Miley usa roupas que remetem às suas várias fases, mostrando bastante a sensualidade pela qual ficou conhecida nos últimos meses, especialmente após a apresentação no Video Music Awards (VMA) do ano passado, mas com muitos toques country, do visual (com botas de couro e calças de caubói) às músicas propriamente ditas. Há ainda dançarinos vestidos como animais de pelúcia e cartuns passando no telão, algo que de certa forma lembra os seus anos na Disney.

    Christopher Polk/AFP
    Miley Cyrus no palco da turnê 'Bangerz', em Anaheim, California
    Miley Cyrus no palco da turnê 'Bangerz', em Anaheim, California

    Tantas referências caem como uma luva para entreter os fãs de Miley - a geração milênio, conhecida por sua pouca capacidade de concentração - durante os 90 minutos de show. Tanta coisa acontece no palco (figurinos, coreografias, cenários) e no telão (que exibe vídeos exclusivos para cada música) que é até difícil prestar atenção na cantora ou no que ela está cantando. E olhe que Miley segura bem o show, com muita presença de palco e cantando ao vivo - sua voz, porém, é um pouco anasalada, o que torna difícil compreender exatamente o que ela está cantando.

    Como entretenimento, "Bangerz Tour" é um sucesso. A escolha da diretora de videoclipes Diane Martel ( "We Can't Stop", da própria Miley, e "Blurred Lines", de Robin Thicke), foi mais do que acertada. E a forma como o show é construído deixa o espectador envolvido o tempo todo com uma mistura de diversão kitsch, sexo, deslumbre, boas doses de "nonsense" e um toque de humanismo com o já clássico discurso de aceitação que parece ter virado norma após o sucesso de Lady Gaga.

    Do momento em que ela entra no palco, vestindo um provocante collant vermelho, por meio de uma língua gigante em formato de escorregador que sai de uma imagem sua no telão - uma tiração de sarro com o gesto que já virou sua marca registrada -, a comoção na plateia é geral, apesar de ela deixar as músicas mais conhecidas para o final.

    As duas primeiras faixas são "SMS (Bangerz)" e "4x4", nas quais Miley é acompanhada por dançarinos vestidos como animais de pelúcia (um tubarão, um tigre, entre outros). Em seguida, ela troca para outro collant, este decorado com folhas de maconha (uma de suas maiores bandeiras), para cantar "Love Money Party", na qual anda em cima de um mini-carro tipo SUV dourado e dança ao lado de um boneco do artista Big Sean, que participa da versão em estúdio da música. Depois, ela ainda joga dinheiro de mentira - com o seu rosto nas notas - para o público. Polêmica mais do que suficiente para um começo de show, mas ela brinca com isso, colocando no telão um selo de "parental advisory", o mesmo usado em CDs para indicar que o mesmo pode ter conteúdo inapropriado para menores de idade (essas controvérsias, aliás, já fizeram muitos pais por aqui pedirem seu dinheiro de volta).

    Em seguida, ela canta "My Darlin'" e "Maybe You're Right". Então, volta ao palco com um vestido longo vermelho com uma fenda profunda na perna, e canta "Do My Thang" e "#Getitright". Para a última, ela se despe de parte do vestido, uma "capa", para ficar somente com um collant de brilhos com um coração desenhado no bumbum, e deita em uma cama com todos seu dançarinos seminus, simulando o que parece ser uma orgia. O clima esquenta quando Miley dá lambidas no peitoral de um dos dançarinos, em quem se esfrega algumas vezes durante a música - um momento que lembra muito algo que Madonna faz.

    Em seguida, surge um cachorro gigante inflável no palco, e Miley troca de roupa novamente, desta vez para um top brilhoso e uma calça de caubói preta e branca de pelúcia. Ela canta "Can't Be Tamed", do disco homônimo de 2010, e "Adore You", seu atual single, durante a qual encoraja casais do mesmo sexo a se beijar para aparecer no telão.

    Um dos pontos altos da apresentação acontece nesta hora: uma vinheta pré-gravada em preto e branco exibida enquanto Miley troca de roupa, na qual ela aparece seminua, com calcinha de couro, fazendo referência ao sadomasoquismo, com a música "Fitzpleasure", da dupla Alt-J, tocando ao fundo. Na sequência, ela ressurge do outro lado da plateia, em um palco menor, para cantar versões acústicas das músicas "Drive" e "Rooting for My Baby", além de covers certeiros de "Hey Ya", do Outkast, e de "Jolene", de Dolly Parton, sua madrinha.

    Miley então retorna para o palco principal, onde canta "On My Own" e "Someone Else", uma das partes mais divertidas do show. Ela se despede da plateia montada em seu - já infame - cachorro-quente inflável.

    No bis, Miley volta para cantar "We Can't Stop" usando um collant branco bem decotado, enquanto suas dançarinas estão vestidas como isqueiros e uma delas, a anã, de "baseado". Em seguida, vem uma versão emocionante de "Wrecking Ball". O show é encerrado com Miley usando uma roupa com as cores da bandeira americana, chapéu de caubói e peruca loura com corte "chanel", com seus dançarinos vestidos como alguns ícones dos Estados Unidos, como a Estátua da Liberdade e o Monte Rushmore, para cantar o hit "Party in the U.S.A.", de 2009.

    Na primeira apresentação da turnê, Miley simulava sexo oral em um dançarino que usava uma máscara do ex-presidente americano Bill Clinton (uma referência ao caso dele com a estagiária Monica Lewinsky), mas aparentemente essa polêmica não deve ter dado muito certo para Miley, e a "cota" de presidentes nessa parte do show foi substituída por um dançarino fantasiado de Abraham Lincoln.

    É tudo bem brega, mas divertido. "Bangerz Tour" tem mais do que polêmicas. É entretenimento suficiente para fazer valer a ida ao show.

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