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    Coletivos de DJs levam às ruas de SP o novo hip-hop instrumental

    CARLOS MESSIAS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/02/2014 03h15

    Uma nova cena do hip-hop se forma em São Paulo, com grupos que se dedicam exclusivamente à discotagem. Essa cultura nasceu em Nova York, por volta de 1973, sobre quatro pilares fundamentais: o MC, o disc-jóquei, os break dancers e o grafite.

    Esses novos DJs, entretanto, desenvolvem uma estética costurada a partir de beats (a partícula fundamental do rap), com elementos de UK garage, funk, trap e até techno e drum'n'bass.

    O Metanol, formado por cinco DJs (que tocam separadamente) e um VJ, começou em 2009 como um programa de rádio on-line (www.metanol.fm), até hoje transmitido às terças-feiras à noite.

    Adriano Vizoni/Folhapress
    Os produtores Sants, Sono TWS, Abud e Cesrv em estúdio no bairro da Bela Vista, em SP
    Os produtores Sants, Sono TWS, Abud e Cesrv em estúdio no bairro da Bela Vista, em SP

    Desde 2011, eles realizam festas, a maioria aberta ao público. A "Metanol na Rua" foi de esquinas e praças da Vila Madalena, com público médio de 1.400 pessoas, a edições na Praça das Artes e ao festival SP na Rua, realizado no último dia 8 no centro da cidade.

    Akin, criador do grupo, ressalta o aspecto ideológico do coletivo. "Temos uma política de utilização do espaço público para apresentar novas propostas musicais. Não é só festa", disse ele à Folha.

    Mas foram as batidas dançantes de um dos DJs do Metanol que renderam menções no exterior. No início do mês, o DJ Seixlack foi citado na lista dos cinco melhores novos artistas do mês no site da revista norte-americana "Spin".

    Em janeiro, sua faixa "Tele-Sexo" entrou na seleção de músicas da semana do jornal "Washington Post". A faixa faz parte do seu novo EP, "Seu Lugar É o Cemitério", lançado pelo selo carioca 40% Foda/Maneiríssimo.

    "Na Metanol, sou o que mais faz house e techno. Mas também vejo o meu trabalho como hip-hop, já que me interessei por música eletrônica a partir de artistas como Flying Lotus, Aphex Twin e Prefuse 73", diz Seixlack.

    MJP, Cybass e Soul One,também da Metanol, são alguns dos DJs do elenco do selo Beatwise Recordings, voltado para a criação de hip-hop instrumental. Colaborando em faixas ou dividindo as picapes em festas, os produtores do selo têm parceria constante com os integrantes do Metanol.

    SonoTWS, que lançou o seu EP de estreia, "T.W.S.", conhece Akin das ruas, quando grafitavam juntos. "Procuro utilizar elementos que remetem ao universo do grafite, como samples de cães latindo e barulho de telhas quebrando", diz.

    "Esta é a terceira geração e uma das mais criativas da música eletrônica autoral brasileira. Os DJs produzem nos seus computadores e lançam seus trabalhos em plataformas on-line. Por isso, conseguem experimentar mais", diz Chico Dub, produtor e curador do festival carioca Novas Frequências.

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