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    Governo escolhe pessoas de perfil moderado para avaliar obras de arte

    FABIO CYPRIANO
    CRÍTICO DA FOLHA

    06/03/2014 03h30

    Os 13 representantes da sociedade civil que irão compor o Conselho do Patrimônio Museológico, aprovados pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, representam um grupo de perfil moderado, que deve diminuir as tensões provocadas pelo decreto 8.124.

    O decreto prevê a possibilidade de declarar de interesse público obras de arte de coleções privadas. Segundo o documento, obras privadas, uma vez declaradas de interesse público, passariam a ser monitoradas pelo governo.

    A Folha obteve com exclusividade a lista dos 13 representantes da sociedade civil, indicados pelo presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), Ângelo Oswaldo, à ministra. A portaria com a lista deve ser publicada nesta sexta-feira (7).

    Entre os integrantes estão o secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Marcelo Mattos Araújo, o banqueiro e colecionador José Olympio Pereira, a colecionadora e diretora de museu Angela Gutierrez e os curadores Fabio Magalhães e Paulo Herkenhoff.

    "São eles que vão colocar em prática e aprovar as normas para a declaração de interesse público", disse o presidente do Ibram.

    Desde que a portaria foi publicada, em outubro passado, Oswaldo se viu no centro de uma polêmica –colecionadores e galeristas viram o novo instrumento como uma forma de apropriação indevida.

    A questão ganhou tanta animosidade que colecionadores estão deixando de emprestar obras para exposições como forma de retaliar e pressionar o governo. O curador do Museu de Arte Moderna de Nova York, Luis Pérez-Oramas, por exemplo, está tendo dificuldade em obter obras de Lygia Clark para uma retrospectiva da artista, por conta da situação.

    Oswaldo diz que "não pretende alterar o decreto" e dá a entender que, com o conselho que agora tomará posse, os medos serão dissipados. A turbulência, porém, ainda não está afastada: a Ordem dos Advogados do Brasil estuda a possibilidade de questionar a legalidade do decreto.

    "Os nomes são ótimos, agregadores e de grande respeito, mas o decreto continua sendo um problema", diz a galerista Eliana Finkelstein, da Associação Brasileira de Arte Contemporânea.

    Além dos 13 indicados pela ministra, o conselho é composto ainda por oito membros, representantes de entidades ligadas à cultura –algumas governamentais, como o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

    Pessoas da sociedade civil que irão compor o Conselho de Patrimônio Museológico:

    Angela Gutierrez
    Colecionadora e presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez

    Antônio Carlos Motta de Lima
    Professor doutor de Antropologia na Universidade Federal de Pernambuco

    Fábio Luiz Pereira de Magalhães
    Curador, ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo

    Gaudêncio Fidélis
    Curador, diretor do MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul)

    João Cândido Portinari
    Filho de Cândido Portinari, professor e diretor do Projeto Portinari

    João Maurício Ottoni Wanderley de Araujo Pinho
    Colecionador e ex-diretor do MAM do Rio

    José Olympio Pereira
    Banqueiro e colecionador

    Leonel Kaz
    Curador

    Marcelo Mattos Araújo
    Secretário de Estado da Cultura de São Paulo

    Maria Célia Moura Santos
    Museóloga

    Modesto Carvalhosa
    Jurista

    Paulo Herkenhoff
    Curador e diretor do Museu de Arte do Rio

    Ronaldo Barbosa
    Diretor do Museu do Vale do Rio Doce

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