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    Em sequência de '300', Santoro volta a papel que lhe abriu portas nos EUA

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    DO RIO

    07/03/2014 11h13

    Carreira de ator tem disso: para viver o personagem que mais lhe deu reconhecimento internacional, o deus-rei Xerxes, vilão do blockbuster "300" (2006), Rodrigo Santoro teve de ficar irreconhecível —careca, depilado, marombado, pintado de dourado e cheio de adereços.

    "O '300' foi um divisor de águas, abriu as oportunidades. Mas, durante muito tempo, eu não era reconhecido nas ruas por esse filme, por causa da caracterização do personagem", diz Santoro, que está de volta ao papel em "300 - A Ascensão do Império", que estreia nesta sexta (7).

    Nesta continuação, que novamente tem como ponto de partida uma história em quadrinhos de Frank Miller ("Xerxes", ainda não concluída), é mais fácil ligar o ator ao personagem.

    Ele ganhou mais tempo de tela, um pouco mais de diálogo (ainda com a voz modificada por computador para soar "como um trovão") e uma narrativa sobre sua origem —na qual Santoro aparece "normal", antes de virar um gigante dourado.

    "A ideia de poder explorar um pouco mais a humanidade do personagem, trazer mais dimensão para ele, foi uma das coisas que me interessaram", diz Santoro, que foi convidado para o projeto "ainda antes do roteiro".

    A memória das dificuldades físicas para incorporar Xerxes o fizeram ponderar —tendo perdido 12 de seus 80 Kg para viver o protagonista de "Heleno" (2011), ele precisou recuperar seu peso e ganhar mais seis quilos de massa muscular.

    Fora isso, encararia uma rotina diária de quatro horas e meia para colocar a maquiagem e os adereços, e mais duas para tirá-los.

    E, como seu personagem deve parecer um gigante na tela, ele não pôde contracenar com os demais atores.

    "Eu vim para esse filme pensando que, passados seis anos, ia ser mais fácil filmar, não ia mais ter de falar com uma fita crepe. E, realmente, dessa vez falei com uma bolinha de tênis, que um sujeito controlava na ponta de um bastão. Me senti o Tom Hanks em 'Náufrago'", diz Santoro.

    "Nunca fiz nada parecido com isso, a linguagem é diferente, a forma de trabalhar é diferente. Tem algo nisso que me estimula, é realmente um desafio de muitas faces, não é só fazer o personagem, é vencer todas essas coisas para se manter como deus-rei."

    SANGUE PELA GRÉCIA

    Assim como o primeiro filme, "300 - A Ascensão do Império", dirigido pelo israelense Noam Murro, se passa na Grécia mais de quatro séculos antes de Cristo, com cenários totalmente criados em computador.

    Sua narrativa engloba um período maior, com histórias que acontecem antes, durante e depois da batalha mostrada no primeiro filme.

    O foco continua sendo a resistência dos gregos às tentativas de conquista pelos persas. Desta vez, é Themistokles (Sullivan Stapleton) quem lidera as forças gregas contra o inimigo comandado por Artemísia (Eva Green), a representante do rei Xerxes.

    O filme repete o estilo visual que deu fama a seu antecessor, com cores fortes e atores mais ainda, além de uma sanguinolência (e uma cena de sexo violento) que o levou ao topo da classificação indicativa.

    "Estamos falando de um tempo bárbaro, onde coisas muito piores do que isso aconteciam. E, além disso, é extremamente estilizado", diz Santoro. "Mas é claro que não sou a favor da violência. Enquanto artista, estou ali fazendo meu personagem."

    Apesar do inegável e inesperado sucesso do primeiro filme —que custou US$ 65 milhões e faturou sete vezes mais—, a reação da crítica esteve longe de ser tão empolgada (o crítico da Folha o classificou como "ruim").

    "Acho que ficou dividido. Claro que ele foi mais bem aceito pelo setor que curte HQ e esse estilo, mas falou-se muito da inovação que o estilo trazia. Agora, houve críticos que falaram da falta de profundidade ou do que quer que seja. As pessoas têm o direito de se manifestar."

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