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    Aumento de turnês indica que Brasil é o país do metal

    THALES DE MENEZES
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    21/03/2014 03h04

    O Guns N' Roses traz agora ao Brasil sua mais extensa turnê no país, com nove shows até o mês que vem.

    O Metallica toca amanhã no estádio do Morumbi, depois de ser uma das atrações principais dos dois últimos Rock in Rio, em 2011 e 2013.

    O Megadeth faz show em São Paulo no próximo dia 4 de maio, para ampliar seu recorde de turnês brasileiras: será a 13ª visita da banda.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A frase de efeito é a mais óbvia possível, mas vale: o país do futebol parece ser também o país do heavy metal.

    Um levantamento dos últimos 20 anos indica que o gênero paira tranquilo sobre as turbulências do mercado.

    Enquanto Madonna já esteve aqui em momentos de histeria total, mas também não fez muito barulho em sua passagem mais recente, o Iron Maiden, por exemplo, trouxe suas turnês para cá em dez oportunidades e em todas lotou estádios de futebol.

    A lista que aparece nesta página mostra números "pesados". A comparação com artistas de pop e outros gêneros impressiona.

    O U2, maior banda em atividade, veio apenas quatro vezes ao Brasil. Fenômenos pop como Britney Spears nem chegam perto disso.

    No Rock in Rio, o metal aumentou sua participação. No ano passado, duas das sete noites do festival foram dedicadas ao gênero, com 16 bandas pesadas na escalação.

    O circuito de casas menores no país é igualmente poderoso. Notadamente em São Paulo, que tem muitos espaços, como Carioca Club, Manifesto Rock Bar e a veterana Led Slay, aberta há 42 anos.

    Pelo menos 110 grupos estrangeiros tocaram nesse locais em 2013. Bandas que muita gente nem sabe que existem, como a russa Arkona, a belga Agathocles e a banda canadense Cauldron, que tocou até em Hortolândia.

    METAL E FUTEBOL?

    A Folha conversou com alguns protagonistas sobre o caso de amor dos brasileiros com o som pesado.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Público no gramado do Morumbi, em SP, aguarda show do Iron Maiden
    Público no gramado do Morumbi, em SP, aguarda show do Iron Maiden

    Steve Harris, baixista e líder do Iron Maiden, deu a resposta mais engraçada. "Tem tudo a ver com o futebol", disse, e, mesmo rindo do que falou, tentou justificar.

    "Acho que essa massa de público que vai ver o Iron Maiden no Brasil há tanto tempo é fruto da grande estrutura do futebol. Vocês têm estádios enormes em um monte de cidades, é impressionante", diz Harris, com a experiência de já ter tocado várias vezes no Morumbi, no Pacaembu e mais três estádios brasileiros.

    Falando com propriedade, já que sua banda tem o recorde de 59 shows por aqui, Ian Gillan, vocalista do Deep Purple, acredita que o impacto do rock pesado no Brasil está relacionado a uma "escala de grandeza".

    "Conheço países com essa mesma alma musical do Brasil, com música na rua, crianças batucando. A Turquia é assim, a Romênia também. Mas são países pequenos. O Brasil é gigantesco, então existe uma massa de público impressionante. Entre tantos milhões de habitantes, lógico que muita gente gosta de rock pesado. É aí que a gente aparece."

    O Kiss é precursor dessa onda. Foi uma das primeiras grandes bandas internacionais a vir para o Brasil, lotando Morumbi, Maracanã e Mineirão em 1983. Seu guitarrista, Paul Stanley, destaca o entusiasmo dos fãs.

    "Claro que parece um clichê simpático dizer que tal país tem uma plateia incrível e tal, mas no Brasil isso passa qualquer limite. Já tocamos aí em estádios, autódromos, naquele lugar das escolas de samba [o Sambódromo do Rio]. As pessoas ficam loucas o tempo todo", afirma Stanley. "Viva o Brasil!"

    *

    NÚMERO DE BANDAS DE METAL NO ROCK IN RIO

    1ª edição, 1985: 5

    2º edição, 1991: 5

    3ª edição, 2001: 5

    4ª edição, 2011: 11

    5ª edição, 2013: 13

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