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    Influenciada por combate à ditadura, moda de Zuzu Angel é tema de mostra

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    01/04/2014 13h32

    Com a abertura da "Ocupação Zuzu" nesta terça (1º/4), em São Paulo, memórias da ditadura militar brasileira (1964-1985) vêm à tona em cartas, roupas, croquis e acessórios criados pela estilista Zuzu Angel (1921-1976).

    A mostra, que ocupa quatro andares do Itaú Cultural, contam como a designer se tornou a estilista de maior sucesso na moda dos anos 1970 no Brasil e o périplo que enfrentou em busca do seu filho Stuart, militante da organização de esquerda MR-8 que foi preso e morto na ditadura.

    Na entrada há uma espécie de imersão no universo de Zuzu, onde os espectadores podem ler réplicas de revistas e jornais da época para entender o momento político do país. Na mesma sala foi colocado um vídeo da última entrevista da estilista, feita no dia de sua morte.

    Dois andares contemplam duas facetas da estilista: a de empresária de sucesso e de mãe aflita sem notícias de seu único filho homem.

    O espectador poderá ler originais das cartas endereçadas a ministros, autoridades americanas e até para Ernesto Geisel, penúltimo presidente do regime militar.

    No mesmo espaço, uma mesa foi colocada para que as pessoas escrevam cartas endereçadas a pessoas que desapareceram de suas vidas. Posteriormente, esses manuscritos serão publicadas no site da exposição.

    As roupas originais intactas do desfile-protesto que Zuzu realizou na casa do cônsul brasileiro em Nova York, em 1971, logo após saber da morte do seu filho, são um dos pontos altos da exposição e contam como a estilista transferiu sua dor para a moda.

    "Ela bordou soldados sorrindo, por exemplo, pois sabia que nem todas as pessoas envolvidas na morte de Stuart eram culpadas pelas atrocidades cometidas naquela época", diz Hildegard Angel, filha da estilista e uma das curadoras da mostra.

    Em outro andar, itens da loja que Zuzu mantinha em Ipanema, no Rio de Janeiro, se misturam a peças originais das coleções "Pastoral" e "Lampião e Maria Bonita", duas das mais importantes feitas nos anos 1970.

    Essa imersão no universo da estilista continua no subsolo do Itaú, onde designers como Ronaldo Fraga e Isabela Capeto e o professor de história da moda João Braga irão ministrar palestras e cursos grátis.

    Fraga e Capeto são alguns dos estilistas convidados a recriar looks da estilista em sinal de luto por sua morte.

    Nesta terça (1º), no Itaú Cultural, e nesta quarta (2), na programação da São Paulo Fashion Week, acontecerá um desfile com réplicas de roupas criadas por Zuzu Angel que foram produzidas pela estilista Karla Girotto.

    OCUPAÇÃO ZUZU
    QUANDO de 1º de abril a 11 de maio (terça a sexta das 9h às 20h; sábado, domingo e feriado das 11h às 20h (no dia 1º de abril a mostra pode ser visitada das 9h às 17h)
    ONDE Itaú Cultural (avenida Paulista, 149, São Paulo, tels. 11-2168 1777 e 2168-1776)
    QUANTO grátis

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