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    Veja um raio-X dos shows de sábado do Lollapalooza

    DE SÃO PAULO

    05/04/2014 16h07

    Com diversas atrações nacionais e internacionais, o festival Lollapalooza Brasil 2014 acontece neste final de semana em São Paulo, no autódromo de Interlagos.

    Acompanhe abaixo como foram os principais shows de sábado (5) do evento (a reportagem foi atualizada ao final de cada show).

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    VESPAS MANDARINAS - horário de início: 12h20 (palco Skol)

    THALES DE MENEZES
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    Avener Prado/Folhapress

    Duração real: 40 minutos
    Poderia ter durado: pelo menos uma hora, porque fechou na maior empolgação
    Número de músicas: 10
    Pessoas na plateia: no começo do show, cerca de 500; no final, umas 2.000
    Look da banda: cada um na sua, da bermuda com camisa xadrez do baixista Flavio à camiseta longa de Chuck Hipolitho, quase um vestido
    Lição: não importa quanta gente tem na plateia, o negócio é se entregar no palco
    Resumo: a banda paulistana fez um ótimo show, com muita coisa do álbum de estreia, "Animal Nacional". O Vespas toca rock direto e acelerado, com letras bem acima da média do pop nacional 2014. Funciona no palco as trocas de bola entre os dois guitarristas/vocalistas, Chuck Hipolitho e Tadeu Meneghini. O grupo acabou prejudicado pela demora na abertura dos portões, que só foi completada 20 minutos antes de começar a apresentação.

    O Vespas abriu o show para umas 500 pessoas, e esse público subiu para 2.000 após meia hora de rock. Fãs da banda passavam pelos portões e corriam pelas "colinas" de Interlagos, tentando chegar ao palco Skol antes que o show acabasse..Valeu a correria, porque o quarteto encerrou com duas versões empolgantes extraídas do álbum, "O Inimigo" e "Um Homem Sem Qualidades".

    Minutos antes, o público viu a primeira participação especial do Lollapalooza Brasil 2014: o Vespas chamou ao palco a banda baiana Vivendo do Ócio, outro nome forte do indie brasileiro. Combinaram bem.

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    SILVA - horário de início: 13h10 (palco Onix)

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    Adriano Vizoni/Folhapress

    Duração real: 45 minutos
    Poderia ter durado: mais uns 15 minutos, para incluir "Okinawa", bom single do seu disco recém-lançado, e para encerrar com "A Visita", maior sucesso da carreira do cantor e compositor capixaba.
    Número de músicas: nove —cinco delas de "Vista pro Mar", disco lançado no último mês.
    Look da banda: preto da cabeça aos pés, apesar do sol batendo direto nos músicos, devidamente preparados com óculos escuros. Roupas claras só entre o quarteto Bixiga 70, que participou com seus metais em alguns momentos.
    Lição: se as músicas combinam com dia claro, é possível fazer um bom show apesar do horário desfavorável, de muito calor (quase 30ºC) e público minguado.
    Ficou na vontade: 1. Se atirar no mar mostrado no telão durante quase todas as faixas; um vendedor ambulante, querendo desovar seus copinhos de água a R$ 3, até brincava com a plateia sobre o calor: "Água gelada, água gelada! Uma não comprou e desmaiou"; 2. Ouvir "A Visita", para alguns a única faixa conhecida de Silva
    Resumo: Acompanhado de uma nova banda, com baterista (Hugo Coutinho), guitarrista (Giuliano de Landa) e baixista (Rodolfo Simor), Silva animou um público pequeno, mas fiel. Antes mesmo de subir ao palco, com cerca de três minutos de atraso, a plateia já gritava seu nome. O clima de "disco para ouvir na beira da piscina", como disse à Folha ter buscado nas composições mais recentes, funcionou, mesmo com uma plateia sem intimidade com as novas músicas.
    Fica a dica: O palco Onix é o mais baixo entre os três principais. Além de dar maior proximidade com a banda, é fácil ver bem o show de qualquer lugar do gramado, já que a plateia fica no alto, como se estivesse numa arena. Um tanto isolado, parece até um festival pequeno, à parte, o que deve potencializar a experiência pesada do show do Nine Inch Nails mais tarde, a partir das 19h55.

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    CAPITAL CITIES - horário de início: 14h (palco Skol)

    NATÁLIA ALBERTONI
    DE SÃO PAULO

    Duração real: 65 minutos
    Poderia ter durado: 65 minutos. Apesar da empolgação, a banda indie pop eletrônica tem apenas um disco.
    Número de músicas: 13 —tocaram o álbum de estreia, "In a Tidal Wave of Mystery", lançado em 2013, além de dois covers: "Stayin' Alive", do Bee Gees e "Holiday", da Madonna.
    Look da banda: jeans justo e jaqueta college customizada com o nome do grupo
    Acessórios: óculos escuros estilo wayfarer
    Momento alívio: quando ao fim do show todos, finalmente, tiraram as benditas jaquetas sob o sol de 30 graus.
    Momento delírio: quando, após tirar a jaqueta, Ryan Merchant pediu para todo mundo tirar uma peça de roupa e girar no ar com ele. Não demorou muito, a multidão obedeceu, inclusive as garotas, que ficaram de sutiã.
    Quantas vezes tocaram "Safe and Sound": duas. A primeira vez, de verdade, e muito animados. A segunda, só com samples, para agradecer e descer no fosso para cumprimentar a plateia animada.
    Lição: se quer fazer um show saltitante, prepare-se fisicamente. Empolgado e carismático, Sebu Simonian, um dos vocalistas, pulou a valer, mas colocou a mão nos joelhos duas vezes e pediu uns segundos para descansar.
    Resumo: Mesmo com repertório escasso, a banda surpreendeu com um show dançante e muito animado baseado em seu álbum de estreia "In a Tidal Wave of Mystery", lançado em 2013. Destaque para o trompetista Spencer Ludwig, que fez longos solos competentes e para o carismático Sebu Simonian, que apesar de pedir uns segundos para recuperar o fôlego, pulou, pediu palmas e socos no ar praticamente o show inteiro.

    Apesar da expressão séria, o duo nos vocais, Simonian e Ryan Merchant, interagiu bastante com a plateia. Agradeceram –em português e em inglês–, pediram gritos e ao final disseram que aquele tinha sido o melhor momento da vida deles. O clima do show foi descontraído, com direito a dancinha coreografada ao som de "Center Stage". Entre dois passinhos para esquerda e mais dois para a direita, eles pediram "uma volta", em português.

    Músicas como "Patience Gets Us Nowhere Fast" e "I Sould my Bed, But Not my Stereo" agitaram o público, que, no fim, implorou por "Safe and Sound" —que a banda entregou em êxtase. O hit que já foi remixado por gente como Rac e Party Ghost foi o ponto alto do show e repetido depois de um cover de "Holiday", de Madonna. Para encerrar, todos os integrantes desceram alternadamente ao fosso para agradecerem os fãs. O trompetista voltou com uma bandeira do Brasil, que o Merchant acabou esticando ao lado de seus companheiros para fazer o agradecimento final.

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    LUCAS SANTTANA - horário de início: 14h (palco Interlagos)

    SYLVIA COLOMBO
    DE SÃO PAULO

    Duração real: 50 minutos
    Poderia ter durado: 30 minutos, o pouco público estava desanimado
    Número de músicas: 10
    Look da banda: camisas coloridas, semi-psicodélicas, cabelo curto claro
    Lição: fãs do indie pop brasileiro não gostam de tomar sol
    Resumo: Com dois músicos, Santtana percorreu um pouco de cada fase de sua carreira, iniciada em 2000. Prejudicado pelo horário, tocou para muito pouca gente, muitos usando camisetas do Muse e bandas que tocariam mais tarde. Um grupo fiel, porém, estava animado, pulando e pedindo músicas, atendidos pela banda. Talvez para criar vínculo com fãs do mexicano Cafe Tacvba, que tocaria na sequência, Santtana cantarolou em espanhol e terminou seu show com um "gracias".

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    CAGE THE ELEPHANT - horário de início: 15h05 (palco Onix)

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    Adriano Vizoni/Folhapress

    Duração real: uma hora
    Poderia ter durado: tranquilamente, mais meia hora; o público estava em chamas
    Número de músicas: 13, quase todas tocadas com resposta empolgada da plateia
    Look da banda: não fossem as botas vermelhas, o figurino do vocalista Matt Shultz bem que poderia ser confundido com o de um sambista das antigas: calça branca e camisa estampada com o colarinho aberto. A camisa, no entanto, só durou até o início da segunda música. No restante da banda, predominaram as calças jeans justas com camisetas.
    Lição: Mesmo em horário desfavorável —outra vez, assim como no Lollapalooza de 2012—, o Cage The Elephant consegue arrebanhar uma multidão. O gramado ficou tomado de gente até a grade que limita o fim da área do palco Onix. Se antes eram pouco conhecidos no Brasil, agora tem uma legião de fãs que sabem as letras de cor.
    Descidas do palco: Matt Shultz desceu quatro vezes, com a ajuda de uma escadinha posicionada na beirada do palco. Nas três primeiras, só se equilibrou na grade. Na quarta, foi com tudo em cima do público, que o fez deslizar de mão em mão. Para evitar problemas, há até um ajudante para segurar o fio do microfone nessas horas. "É estranho ficar no palco. É muito melhor ficar com vocês. O mundo é só. Vocês são demais", disse.
    Resumo: Elétrico como de costume, Matt Schultz deu ao show um final apoteótico. Depois de nadar pela plateia, saiu em disparada pelo corredor isolado no meio do público e escalou a estrutura metálica de uma das duas torre de iluminação. Enquanto isso, no palco, seu irmão Brad, guitarrista, atirava o instrumento no chão, marcando o fim do show. Matt foi parar no telhado de uma das tendas de ajuste de som e até se deitou por alguns segundos.

    O momento de maior agitação na plateia, no entanto, foi quando tocaram "Come a Little Closer", hit do disco mais recente, "Melophobia", lançado em 2013. "Essa música é dedicada ao Brasil. É o maior hit que já fizemos. Nós escrevemos aqui em São Paulo. Obrigado", disse Matt, que já contou em entrevistas que a inspiração veio da paisagem de uma favela que avistaram da janela do hotel em que ficaram durante o Lollapalooza 2012.

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    CAFE TACVBA - horário de início: 15h30 (palco Interlagos)

    SYLVIA COLOMBO
    DE SÃO PAULO

    Duração real: 1 hora
    Poderia ter durado: 1h30, o público estava animado
    Número de músicas: 12
    Rebolado da noite: bandeiras latino-americanas em geral foram agitadas durante o show, tinha da Venezuela, do México e da Argentina. Ah, mas tinha também uma canadense (?)
    Look da banda: roupas coloridas e cabelão (Joselo Rangel)
    Resumo: A sequência de hits teve "Ingrata", "Dejate Caer" e "Chilanga Banga", para um público que conhecia as letras e queria cantar pulando, seguindo o exemplo dos artistas. Um som anos 90 que se mantém atual, com Joselo explicando letras e fazendo comentários esotéricos sobre as canções e o clima do festival. Ponto alto foi a coreografia e o público cantando junto "Olita de Alta Mar".

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    JULIAN CASABLANCAS - horário de início: 16h10 (palco Skol)

    CESAR SOTO
    DE SÃO PAULO

    Avener Prado/Folhapress

    Duração real: 60 min
    Poderia ter durado: 60 minutos mesmo, às 16h50 tinha gente saindo para ver Imagine Dragons, que toca às 17h15 no palco Onix
    Número de músicas: 10, incluindo "Take it or Leave it", do Strokes
    Julianismos: Interagiu com o público com falas estranhas e desconexas ("Essa cidade é grande Isso é tudo que eu tenho pra falar", "Vocês gostam de música? Eu sou como um advogado, só faço perguntas às quais já sei a resposta"), desceu do palco e provocou o Phoenix, próxima atração do palco Skol
    Visibilidade: Quase nula. Os dois telões posicionados nas laterais do palco não funcionaram durante toda a apresentação. Para quem ficou mais para trás e não se importava em sujas as calças, o jeito foi subir no morro próximo para ver melhor o cantor —e tentar não escorregar na escalada.
    Look da banda: Jaqueta punk de couro, óculos escuros e calças apertadas —o de sempre
    Lição: Julian até tenta, mas não suas músicas não têm o apelo que as de sua banda, Strokes. "Take it or Leave it" foi o momento que mais levantou o público
    Resumo: Um show com repertório relativamente desconhecido para a maioria do público, mas com performance competente e com muita energia do cantor. O resultado foi prejudicado pelos telões, que se recusaram a funcionar, e pela qualidade do áudio —os gritos estridentes de Julian ficavam perdidos entre as guitarras e a bateria.

    Ele, no entanto, parece não ter se importado muito —nem com o som, nem que o público mais próximo ao palco, que aguardava o próximo show. "Podem ficar com o Phoenix agora", disse ele, antes de terminar sua apresentação.

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    PORTUGAL. THE MAN - horário de início: 17h (palco Interlagos)

    NATÁLIA ALBERTONI
    DE SÃO PAULO

    Duração real: 50 minutos
    Poderia ter durado: 30 minutos. O baixista Zachary Carothers entrou animado já batendo as mãos no alto, mas os meninos são frios como sua origem, o Alaska
    Número de músicas: 13 —incluindo os hits "So American" e "Evil Friends" e "Another Brick in the Wall Part II", do Pink Floyd
    Look da banda: sportswear; duo camisa alinhada, tênis surrada e, camisa engomada, com gorro
    Lição: carisma é importante
    Quantas vezes falou com o público: 7
    Quantas vezes falou obrigado:4
    Quantas vezes falou "nós somos o Portugal. The Man, do Alaska": 3
    Resumo: A banda norte-americana sofreu com o som, que estava oscilante perto do palco. O baixista Zachary Carothers pediu para aumentarem o som do seu instrumento logo na virada para a segunda música, "All Your Light", do disco "In The Mountain in the Cloud". O ponto alto do show foi quando Spencer Ludwig, trompetista do Capital Cities, entrou no palco durante a música "Purple Yellow Red & Blue" e foi ovacionado pelo público, já um pouco a fim de ouvir Lorde, que toca neste momento no mesmo palco.

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    IMAGINE DRAGONS - horário de início: 17h15 (palco Ônix)

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    ENVIADO A SÃO PAULO

    Adriano Vizoni/Folhapress

    Duração real: 70 minutos (começou dois minutos adiantado)
    Poderia ter durado: mesmo para os fãs, umas três músicas a menos não fariam mal
    Número de músicas: 13
    Look da banda: pretinho básico —camisetas, calça jeans, simples e clássico, o que é muito mais do que se pode dizer sobre o som da banda
    Lição: existem bandas que parecem nos dizer muito quando se é adolescente, mas que um dia, anos depois, você ouve novamente e se pergunta "meu Deus, como é que eu gostava disso?". Fãs de Imagine Dragons, podem esperar
    Lista de clichês: bandeira do Brasil (presente); gritos de "Brasil!" (presente); discurso na linha "esse é o melhor show, vocês são a melhor plateia" etc. (presente)
    Males que vêm para o bem: o som estava muito baixo em alguns pontos do gramado
    Maior surpresa do show: o frio que veio do nada após o dia de sol bravo, pegando desprevenida a maioria do povo
    Resumo: primeira banda a mobilizar uma multidão na atual edição do festival, os americanos do Imagine Dragons mostraram seu rockzinho radiofônico que soa pretensioso em vários momentos, ora parecendo um Killers piorado, ora um sub-Coldplay saído de Las Vegas; o melhor do show certamente foi a admirável empolgação dos milhares de fãs —mas, nesse quesito, as câmeras de TV causaram efeito semelhante. A animação também foi diminuindo à medida que o show "progredia", até chegar aos hits "Demons" e "Radioactive" (este, o momento mais filmado da noite)

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    LORDE - horário de início: 18h30 (palco Interlagos)

    LÚCIO RIBEIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    Caio Duran/AgNews

    Duração real: 56 minutos
    Poderia ter durado: pela música, uma hora a mais. Pela dancinha, um dia. Pelo clichê da bandeira do Brasil no palco e os papéis picados, ficou de bom tamanho.
    Número de músicas: 12, mas faltou "Bravado" e "The Love Club"
    Rebolado da noite: Lorde mostrou que é bem mais que um rostinho excêntrico no pop. Dançou do início ao fim como se estivesse à beira de um ataque epilético que faria inveja ao falecido Ian Curtis, do Joy Division.
    Look da Lorde: ela aparentemente largou a roupa e a maquiagem dark para algo mais... "tropical" em preto-e-branco.
    Lição: Lorde é bem mais do que "Royals". Ninguém sacode a música mundial ainda menor de idade em vão.
    Resumo: A garota faz som teen "inteligente", por incrível que pareça. Seu pop com letras de não ostentação cruza em alguns momentos com hip hop e eletrônico sem causar embaraços. Belo show.

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    PHOENIX - horário de início: 18h35 (palco Skol)

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    Avener Prado/Folhapress

    Duração real: 70 minutos; a banda tinha até as 19h50 para ficar no palco, conforme a programação, mas encerrou cinco minutos antes.
    Poderia ter durado: mais meia hora, a depender do público animado perto do palco; nem um minuto a mais, a depender da multidão que esperava mais para trás só para guardar lugar para o show do Muse, marcado para as 21h30. No encerramento do Phoenix, poucos se mexeram para ir embora.
    Número de músicas: 14, incluindo um "medley" (combinação de faixas) de "Bankrupt!" com "Love Like a Sunset", frequente no repertório ao vivo da banda e já batizado de "Sunskrupt!". Do início da carreira, só foram tocadas duas, "Consolation Prizes" e "If I Ever Feel Better".
    Look da banda: elegantes, predominaram as camisas e os paletós; o vocalista Thomas Mars escolheu tons cinzentos, contrastando com o casaco vermelho de Deck d'Arcy (baixista), que podia ser visto à distância.
    Lição: um disco bem sucedido ("Wolfgang Amadeus Mozart", de 2009, vencedor do Grammy de melhor disco de música alternativa no ano seguinte) não é o suficiente para fazer o passado de uma banda ser conhecido pelos novos fãs. Em hits antigos como "If I Ever Feel Better", o coro da plateia caía tremendamente.
    Resumo: a banda indie francesa fez um show recheado de hits dançantes. Na segunda música da noite, "Lasso", Mars, carismático, já estava debruçado sobre a plateia, junto à grade de contenção do público. No intervalo das canções, o vocalista agradeceu diversas vezes a recepção. "Obrigado por serem tantos e tão barulhentos", disse.

    Embora a plateia tenha mostrado conhecer "Entertainment" e outros singles de "Bankrupt!" —álbum mais recente do grupo, de 2013— foram as músicas de "Wolfgang Amadeus Mozart" que arrancaram mais gritos e pulos. Durante "Rome", que encerrou o show, chegou a aparecer no telão uma fã aos prantos.

    Versalhes, cidade de origem do Phoenix, foi lembrada no telão. Na abertura, uma foto interna do palácio famoso apareceu na tela enquanto a banda se posicionava no palco —tudo embalado ao som de música clássica instrumental. A trilha voltou ao fim do show, enquanto a produção retirava os instrumentos.

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    NINE INCH NAILS - horário de início: 19h57 (palco Ônix)

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    ENVIADO A SÃO PAULO

    Reinaldo Canato/UOL

    Duração real: 90 minutos
    Poderia ter durado: 70 minutos
    Número de músicas: 19
    Look da banda: preto-deprê, com destaque para o visual mamãe-estou-forte do líder Trent Reznor, incluindo cabelo cortado à máquina
    Não recomendado para: epiléticos (o jogo de luzes frenético somado à metralhadora sonora é de enlouquecer), depressivos ("Hurt", sempre uma boa saideira, é daquelas de cortar os pulsos) e mauricinhos (festa estranha com gente esquisita)
    Prêmio Silêncio Vale Ouro: para Reznor, que não é de falar com a plateia
    Lição: no mesmo palco que cabe Imagine Dragons e seus sucessos radiofônicos para adolescentes, cabe o rock industrial pesado e soturno de Trent Reznor; festival tem de ter diversidade
    Resumo: o tipo de som e de show do Nine Inch Nails não são exatamente a alegria da multidão —na verdade, não são alegria de jeito nenhum, e há valor nisso; Reznor, que canta, grita, toca guitarra, sintetizadores e teclado, é um músico competente, com uma clara identidade sonora e visual, o que mais do que se pode dizer de boa parte dos artistas do primeiro dia de Lolla

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    NAÇÃO ZUMBI - horário de início: 20h (palco Interlagos)

    FABIAN CHACUR
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    Avener Prado/Folhapress

    Duração real: 54 minutos
    Poderia ter durado: 1h30, para caber "Macô", "Maracatu Atômico"...
    Maior rejeição da noite: os fãs da Lorde, que lotaram o local e saíram em quantidades bíblicas antes mesmo de sua heroína acabar o show, deixando a Nação Zumbi na mão
    Número de músicas: 13
    Look da banda: básico, com direito ao guitarrista Lúcio Maia sem camisa após algumas músicas e o vocalista Jorge du Peixe com agasalho Adidas. Na plateia, de tudo, até uma garota com cocar indígena e bandeiras pernambucanas.
    Lição: ousadia, garra e criatividade continuam compensando
    Resumo: Vinte anos após Da Lama Ao Caos, a Nação, a Nação Zumbi esbanja vitalidade em sua afiada mistura de guitarra hard-heavy metal, vocal hip-hop-embolada e percussão macacatu. O público pulou, dançou e cantou os hits junto com Jorge du Peixe e sua turma. Destaque para Lúcio Maia, legítimo guitar hero mangue beat.

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    DISCLOSURE - horário de início: 21h40 (palco Interlagos)

    LÚCIO RIBEIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    Avener Prado/Folhapress

    Duração real: 85 minutos
    Poderia ter durado: Até de manhã
    Número de músicas: 16. Toca mais, brothers
    Rebolado da noite: as meninas e meninos que transformaram a pista de corrida em uma verdadeira pista de dança
    Look da banda: os irmãos Lawrence, Guy e Howard, se apresentam na estica, como bons britânicos
    Lição: existe respiro novo na música eletrônica, em meio aos DJ's que tocam o show em um pendrive. O Disclosure chega como uma das melhores e mais interessante novidades do gênero em anos, justificando o rótulo de "novo Chemical Brothers", mesmo que eles não pretendam ser. E que nem são.
    Resumo: Eletrônica feita com a mão, orgânica. Músicas dance de FM inglesa dos anos 90 que odiávamos e de repente ficaram cool, revividas. O único senão do show é que, com um monte de música cantada, quase todas por cantores convidados, dificilmente eles acompanham o Disclosure para lugares longe como o Brasil. Então nos resta cantores de telão. Ou desenhos cantores.

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    MUSE - horário de início: 21h30 (palco Skol)

    NATÁLIA ALBERTONI
    DE SÃO PAULO

    Adriano Vizoni/Folhapress

    Duração real: 90 minutos
    Poderia ter durado: mais 30 min pela empolgação da plateia, mas 60 minutos seria o ideal pela (falta de) voz do vocalista Matthew Bellamy
    Número de músicas: apesar de ter mais solos de guitarra e efeitos visuais do que canções, a banda tocou 16 músicas, com direito a cover de "Lithium", do Nirvana, em homenagem ao aniversário de 20 anos da morte de Kurt Cobain
    Look da banda: pretinho básico
    Lição: na falta de voz, explore a guitarra
    Falsetes: zero
    Momentos propaganda de xampu: 16 —o vento soprou a favor da cabeleira de Bellamy, que ao invés de espetada, como no Rock in Rio 2013, estava caída sobre o rosto
    Quantas vezes falou obrigado: 4 (além de um "muito obrigado")
    Resumo: Mal Matthew Bellamy entrou no palco, batendo palmas para o alto, já partiu para a guitarra, que foi seu refúgio durante o show de uma hora no palco Skol. Com a voz prejudicada em razão de um resfriado, o cantor estava bastante rouco. Cantando pouco, compensou com solos elaborados e bate cabelo. Desceu do palco na 11ª música, "Starlight", e passeou pelo espaço que separa o público do palco deitando sobre os fãs para cantar o quanto podia.

    Um dos momentos mais envolventes do show foi quando a banda tocou "Madness", cantada em coro pela plateia —que teve ajuda de um telão que informava algumas partes da letra. Outro ponto chave foi o cover de "Lithium", do Nirvana, já na terceira canção. A homenagem aos 20 anos da morte de Kurt Cobain rendeu outro coro animado. Faltou "Supremacy", pedido do público ao fim do bis, que não foi atendido. Depois de cancelar um show no Grand Metrópole na última quinta-feira, a banda de rock alternativo era uma dúvida no festival. Fez o que pôde e levou os fãs ao delírio.

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