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    Sob gritos de 'felomenal', corpo de José Wilker é levado para cremação

    DO RIO

    06/04/2014 16h45

    O corpo do ator José Wilker, que morreu no sábado (5), aos 69 anos, foi cremado no final da tarde deste domingo no Memorial do Carmo, no Caju, zona norte do Rio. A cerimônia foi apenas para familiares e amigos mais próximos.

    O velório aconteceu desde a noite de sábado, no Teatro Ipanema. Neste domingo (6), às 15h30, o corpo deixou o teatro, sob aplausos.

    Muitos fãs também gritaram "felomenal", em alusão ao bordão do personagem Giovanni Improtta, que viveu na novela "Senhora do Destino" (2005).

    Do início do velório, às 23h de ontem, até a remoção do corpo, por volta das 15h, um grande número de artistas, parentes e fãs se despediu de Wilker, morto ontem de infarto enquanto dormia, aos 69 anos.

    O movimento já era intenso na rua do teatro quatro horas antes do velório.

    Por volta do meio dia de hoje, o acesso de fãs e jornalistas chegou a ser suspenso, por causa do excesso de pessoas que acompanhavam as últimas homenagens a Wilker.

    A entrada voltou a ser liberada no início da tarde, mas em ritmo bem menos intenso.

    As filhas do ator, Isabel e Mariana, suas mães, Mônica Torres e Renée de Vielmond, respectivamente, e a namorada de Wilker, Cláudia Montenegro, acompanharam a vigília todo o tempo.

    O local escolhido para o velório foi o palco em que Wilker consolidou sua carreira no teatro, no Rio, onde estreou fazendo uma substituição em "O Assalto", de José Vicente, em 1969, a primeira peça ali encenada.

    Ainda no mesmo endereço, atuou em "O Arquiteto e o Imperador da Assíria" (1970), que lhe rendeu o primeiro prêmio Molière, "Hoje é dia de Rock" (1971), "A China é azul" (1972) e "Ensaio Selvagem" (1974).

    A última vez em que Wilker foi visto em público foi na sexta-feira (4) à noite, em um restaurante no Leblon, onde jantava com Cláudia. Em seguida, ele foi para a casa dela, onde dormiu.

    No sábado pela manhã, ao perceber que ele não respirava, Cláudia chamou o socorro de médicos, que constataram sua morte.

    "Perdemos um homem extraordinário, um ator de televisão, teatro e cinema. Um colega muito querido. Sentiremos muita falta", disse a atriz Malu Mader.

    A também atriz Susana Vieira, disse ter vivido um "casamento de 42 anos" com Wilker, começado na novela "O Bofe", de 1972.

    "Eu me considero hoje a mais viúva de todas as atrizes", disse, emocionada.

    "Zé, assiste a gente aí de cima com sua meia colorida, seu tênis rosa. Cuida da gente aí. Lembrando Giovanni Improtta: 'se precisar, eu estou aqui'. Ele era assim", completou Susana, fazendo referência a um dos famosos personagens de Wilker.

    REPERCUSSÃO

    Leia abaixo outros depoimentos de amigos do ator durante o velório:

    "Sobrou muita coisa boa dele. Nada indicava que fosse acontecer. Foi uma tremenda perda para a classe. A primeira novela na Globo que fiz foi "Cavalo de Aço", com ele. A segunda foi "Final Feliz". Perdi até a conta de quando personagens inesquecíveis ele fez", disse Stênio Garcia.

    "Eu estava com um papel preparado para fazer um par romântico com ele em um projeto. Ele era muito bem humorado", afirmou Betty Faria.

    "É uma perda irreparável para a cultura. O legado dele é de inspiração para os jovens. É só acreditar", lamentou Milton Gonçalves.

    "Legado dos mais lindos da minha profissão... Fala da grande cidade e do interior mais longínquo do pais. Ele era muito generoso, uma pessoa que engrandece as nossas vidas", disse Antônio Pitanga.

    "Todos estamos arrasados. Não se explica a dor. Trabalhamos o dia inteiro e recebemos essa notícia logo pela manhã. Foi muito difícil. Temos que lembrar desse grande homem, sofisticado, de uma fina ironia, quero lembrar dos nossos encontros. Dos aniversários, de todos os bons momentos", disse o ator Tony Ramos, que chegou a ser dirigido por Wilker.

    "É uma grande perda para a classe artística e um profundo pesar para todos nós", comentou Marcelo Serrado, que disse ter conversado com Wilker na véspera de sua morte e garantiu que ele estava bem.

    "Depois da primeira novela em que o dirigi, brigamos e ficamos sem nos falar: ele era muito agressivo quando jovem. Depois, nós fizemos as pazes e eu o dirigi em uma das minhas melhores obras, que foi 'Anos Rebeldes'", disse o autor Gilberto Braga.

    "Ele abriu as portas da percepção da sociedade através da arte, através da atuação também política. Isso está em falta hoje em dia", disse o ator Eriberto Leão.

    "Todo mundo acordou com o coração meio apertado. Foi tudo muito chocante. Vai ser difícil repor o Wilker, muito difícil. É simbólico que se faça o enterro no teatro onde ele começou a atuar aqui no Rio", disse a atriz Giulia Gam.

    "Era um tremendo amigo que eu tinha, cheio de inteligência e irreverência. Vai ser difícil esquecer", disse o diretor e ator Denis Carvalho.

    "Debochávamos muito da vida. Ele tinha uma linguagem popular muito direta que combinava com esse humor. Era um sujeito muito bacana", disse Ary Fontoura, um dos maiores parceiros de cena de Wilker, visivelmente emocionado.

    "Ele foi o primeiro grande ator que eu vi em cena, aqui [no Teatro Ipanema], em 'O Arquiteto e o Imperador da Síria'. Eu nem fazia teatro ainda, e isso me influenciou enormemente. Eu acabei dirigindo ele na ultima novela, 'Amor À Vida'", contou o diretor Wolf Maya.

    "A primeira peça que eu vi com ele foi 'Trágico Acidente'. Ele era um ator fantástico. Eu me apaixonei por ele em cena, e depois trabalhamos inúmeras vezes juntos. Ele influenciou uma geração inteira", disse a atriz Renata Sorrah.

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