Se produzir festivais de música fosse algo comparável com jogar xadrez, seria possível dizer que o Lollapalooza Brasil 2014 ganhou a partida com seus peões.

Porque foram os shows de bandas não famosas que fizeram uma boa diferença na terceira edição do festival no país, realizado ontem e anteontem no autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Com exceção do Arcade Fire, que fez ontem um show espetacular para fechar o festival, os outros 'headliners', como são chamadas as principais atrações, tiveram deslizes.

Soundgarden e New Order vieram com uma aura de veteranos sem novidades. O Nine Inch Nails se mostrou esquisito demais e não encontrou público no festival.

O Muse fez, no sábado, um show prejudicado pela gripe forte do cantor Matthew Bellamy. Houve boatos de que ele iria recorrer a playback, por isso ter proibido a transmissão ao vivo no canal Multishow. Mas ele cantou para valer: baixo, rouco e muito mal.

Enquanto grandões tinham problemas, nomes em ascensão que marcaram a escalação do Lolla garantiram emoção.

As meninas se destacaram. Lorde foi o assunto do sábado. Ontem, Ellie Goulding, que cantou com camiseta da seleção brasileira, e o quarteto feminino Savages fizeram shows impecáveis.

No sábado, concorreram como melhor show Phoenix, Capital Cities e Cage the Elephant. Ontem, o grupo americano Vampire Weekend e o teen britânico Jake Bugg ganharam suas plateias.

O sucesso desse time de nomes não tão conhecidos deixa o Lolla com um formato diferente de seu grande concorrente no país, o Rock in Rio. Este prefere apostar num 'headliner' matador, como o Metallica, e não capricha na escalação das atrações que tocam no mesmo dia.

Mas, para quem foi a Interlagos, a maior lembrança do Lolla pode ser os longos quilômetros (sim, quilômetros mesmo!) percorridos entre os palcos no autódromo. A movimentação foi pior no sábado, quando houve lotação total —anunciada naquele dia como 90 mil pessoas, mas oficializada depois em 70 mil.

Ontem, o público foi de 60 mil pessoas.