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    'Há pressão política muito forte para que eu seja calada', diz Sheherazade

    ISABELLE MOREIRA LIMA
    DE SÃO PAULO

    09/04/2014 17h56

    A apresentadora do "SBT Brasil", Rachel Sheherazade, negou rumores de que foi afastada de seu posto no telejornal e de que sofre retaliações no SBT. Em entrevista por e-mail à Folha, disse que a emissora "sempre apoiou a liberdade de pensamento e expressão".

    Sheherazade não aparece na bancada do telejornal do SBT desde 28 de março, quando anunciou suas férias até o dia 14 de abril no Twitter. Ela ficou conhecida por seus comentários de teor conservador e causou revolta quando disse compreender o comportamento de pessoas que amarraram um assaltante a um poste no Rio.

    A apresentadora diz que sofre retaliação fora do SBT. "Há uma pressão política muito forte para que eu seja calada. PSOL e PCdoB entraram com representações contra meu direito de opinião e tentam cercear minha liberdade de expressão chantageando a emissora onde trabalho", disse.

    Ela diz que os partidos "ameaçam cortar verbas publicitárias estatais e até pedir a perda de concessão da emissora".

    "É clara a tentativa de censura por meio de intimidação. Não é possível que, em plena democracia, a mordaça prevaleça sobre a liberdade de expressão", afirma a apresentadora.

    Sheherazade se refere a representações movidas pelos partidos políticos na Procuradoria-Geral da República. Em fevereiro, a bancada do PSOL no Congresso protocolou uma representação para que SBT e Sheherazade respondam civil e criminalmente por apologia ao crime.

    Em março, foi a vez do PCdoB. A bancada do partido na Câmara entrou com representação também contra a apresentadora e a emissora por crime de apologia e incitamento ao crime, à tortura e ao linchamento.

    Liderada pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a recomendação pediu ainda à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República que reveja as verbas publicitárias repassadas pelo governo ao SBT.

    "Nós não queremos calar a Sheherazade. O que a gente não admite é que o SBT dê guarida à incitação ao crime. Uma coisa é a liberdade de expressão e de opinião. Outra coisa é cometer apologia ao crime", disse Feghali à Folha.

    O Ministério Público Federal em São Paulo confirmou que avalia a parte da representação que diz respeito às verbas publicitárias da União.

    Em entrevista ao site Congresso em Foco, falando em tese e ressaltando não conhecer bem o caso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ver com "muita preocupação" a denúncia contra a apresentadora.

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