• Ilustrada

    Sunday, 05-May-2024 09:04:38 -03

    'A última Copa pela qual me interessei foi a de 1982', afirma Ruy Castro

    LÚCIO FLÁVIO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRASÍLIA

    13/04/2014 12h35

    Ruy Castro não inventou a roda quando começou a escrever biografias no Brasil.

    Mas, com certeza, popularizou o gênero com sucessos como "Chega de Saudade", "O Anjo Pornográfico", "Estrela Solitária" e "Carmen: uma Biografia", respectivamente sobre a história da bossa nova, Nelson Rodrigues, Mané Garrincha e Carmen Miranda.

    Um dos maiores autores do gênero do país, o jornalista e escritor mineiro radicado há décadas no Rio de Janeiro, é uma das atrações desta segunda-feira (14) da 2ª Bienal Brasil do Livro e da Literatura, onde participa, às 19h, de debate sobre o tema Biografias: literatura, história e identidade cultural.

    Em entrevista à Folha, onde também assina uma coluna, ele diz que o segredo para escrever uma boa biografia está no trabalho e empenho em ir atrás das informações.

    Apaixonado pela música brasileira e torcedor fanático do Flamengo, Castro não quer nem ouvir falar da polêmica sobre os direitos autorais e a Copa do Mundo no Brasil.

    "A última Copa do Mundo pela qual me interessei foi a de 1982. Sou torcedor do Flamengo, não da seleção", desconversa.

    Em Brasília, participando do encontro literário, quer poder estar perto dos leitores. "Devia haver mais do gênero", comenta, se referindo à Bienal.

    Johan Visbeek-13.out.13/Divulgação
    O escritor Ruy Castro em mesa sobre biografia na Feira de Frankfurt
    O escritor Ruy Castro em mesa sobre biografia na Feira de Frankfurt

    *

    Folha - É a primeira vez que você participa da Bienal, qual é a sua expectativa? E qual a importância de eventos como esse?
    Ruy Castro - A expectativa de sempre: de ter um contato pessoal com os leitores. Gosto disso. Devia haver mais do gênero.

    O que é preciso para escrever uma boa biografia?
    O segredo é o trabalho, o empenho em ir atrás das informações.

    O livro "A Vida por Escrito", que você está escrevendo, já dá os caminhos das pedras para quem quer seguir essa trilha, certo?
    O livro "A vida por Escrito" é isso mesmo, o caminho das pedras. Mas ficou para depois de um projeto no qual estou trabalhando, e sobre o qual ainda é cedo para falar.

    Com suas biografias o senhor faz um importante trabalho de recuperação da história. Sente falta de mais gente com esse ímpeto, essa curiosidade de cavar boas histórias?
    Além de produzir biografias, estou também produzindo biógrafos. Nos últimos 12 anos, dei mais de dez cursos intitulados "Ciência e arte da biografia", no Rio e em São Paulo, e deles têm saído vários biógrafos já publicados por editoras importantes.

    Como vê a questão da polêmica dos direitos autorais no Brasil?
    Direitos autorais? Sinceramente, estou por fora. 

    O senhor é uma geração em que o futebol ainda era visto com certo romantismo. Qual é a sua opinião sobre o futebol de hoje?
    A última Copa do Mundo pela qual me interessei foi a de 1982. Sou torcedor do Flamengo, não da seleção. Só me interesso por ela quando está jogando bem e bonito —o que há décadas não acontece.

    Quem gostaria que contasse sua história?   
    Enquanto eu estiver vivo, ninguém. Mas há uma pessoa que me conhece pelo avesso: Heloisa Seixas [sua mulher].

    Acredita que no mundo de hoje, com a garotada usando tablets antes mesmo de falar, o prazer da leitura ficará cada vez mais raro?
    Temo que sim. Mas certamente eles valorizarão os seus próprios prazeres.

    Mineiro de Caratinga, o senhor tem uma relação quase sobrenatural com o Rio, onde mora desde os 17 anos. O que fascina tanto na Cidade Maravilhosa?
    Quando nasci, em 1948, eu tinha quase 50 parentes no Rio, entre tias e primas, espalhados pelo Flamengo, Lapa, Copacabana, Cascadura e Rocha Miranda. Em Caratinga, tinha dois: meu pai e minha mãe —recém-chegados à cidade, vindos do Rio. Deixei de nascer na Lapa, onde eles moravam, por questão de meses. Como vínhamos ao Rio todo ano e passando longas temporadas, nunca considerei essa relação "sobrenatural". Apenas natural, mesmo.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024