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    Biografia sobre Vladimir Herzog ganha lançamento em Bienal de Brasília

    LÚCIO FLÁVIO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRASÍLIA

    19/04/2014 16h05

    Um dos casos mais marcantes na luta contra a ditadura militar, a morte do jornalista Vladimir Herzog, nos porões da repressão, até hoje comove milhares de brasileiros. Torturado e assassinado pelo regime, sua história já foi contada em inúmeros livros.

    Vencedor do prêmio Jabuti na categoria biografia e 2013, "As Duas Guerras de Vlado Herzog - Da Perseguição Nazista na Europa à Morte sob Tortura no Brasil", lançado neste sábado (19) na 2ª Bienal do Livro e da Literatura, em Brasília, é mais um olhar sobre essa tragédia.

    O novo registro é de quem viveu de perto estes momentos de agonia e tristeza. Na época, o autor Audálio Dantas era presidente do sindicato dos jornalistas e um dos líderes do movimento de resistência democrática.

    "Quando ele foi assassinado, só 'O Globo' deu uma reportagem e falando sobre a morte de um opositor do regime", lembrou o autor, no debate O Caso Vlado e As Relações da Imprensa com a Ditadura.

    Reprodução
    Vladimir Herzog em 1975, ano em que morreu no DOI-Codi
    Vladimir Herzog em 1975, ano em que morreu no DOI-Codi

    "De qualquer forma, o caso teve repercussão entre seus pares e a sociedade brasileira, dando origem ao primeiro movimento de massa após o AI-5 de 1968, o início do fim da censura na imprensa brasileira", destacou.

    Testemunha ocular da comoção que o crime resultou, Dantas lembrou a grande concentração realizada na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Praça da Sé, e que a "Folha de S.Paulo" foi o primeiro grande jornal a apoiar o feito, por meio de um editorial.

    "Foram mais de 8.000 pessoas, mas só cabiam 2.000 na igreja, 6.000 assistiram ao ato ecumênico de fora, com a presença silenciosa de dom Hélder Câmara", detalhou.

    "Esse editorial promoveu o primeiro momento de retirada da censura", contou.

    Uma das primeiras convidadas a participar da Bienal para lançar o "Almanaque 1964", a jornalista Ana Maria Bahiana, falou à Folha, dos tempos em que trabalhou com Vladimir Herzog na revista "Visão".

    Bastante emocionada, ela detalhou o último encontro que teve com o chefe e amigo, um dia antes de sua morte.

    "Ele tinha vindo à sucursal da revista no Rio para uma reunião e a gente foi levá-lo no aeroporto. E nunca mais vi ele", disse, com olhos marejados.

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