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    Nascida na periferia de Nova York, dança mistura balé a contorcionismo com força narrativa

    FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

    21/04/2014 03h31

    Num cinema lotado em Nova York, jovens ocuparam o espaço entre a tela e a primeira fila de poltronas. Após pedir à plateia para marcar o ritmo com palmas, eles executaram movimentos quase impossíveis: levitação, contorção de ossos, expressões faciais de desenhos animados.

    Entre os dez dançarinos estavam Flizzo e Jay Donn, protagonistas do documentário "Flex Is Kings", de Deidre Schoo e Michael Beach Nichols, exibido no festival New Voices in Black Cinema (novas vozes no cinema negro), no mês passado.

    Atualmente o filme circula por cidades dos EUA. A versão em DVD de "Flex Is Kings" está em pré-venda no site streetdancebrooklyn.com por US$ 19,99 (cerca de R$ 49,70).

    O flex é, segundo Schoo, "um estilo de vida" que envolve desde a criação de um figurino original à decisão de fazer uma tatuagem.

    "Sempre à espera da chegada da inspiração, os dançarinos respiram flex", diz à Folha. "Eles podem ter ideias de novos movimentos tanto assistindo à vida se desdobrar no seu bairro quanto comprando um refrigerante."

    Nascido nos anos 1990 na periferia do Brooklyn, onde há altos índices de pobreza e criminalidade, o flex é uma dança de rua derivada do break, mas com uma característica mais narrativa. Seus passos assemelham-se aos do balé e da dança contemporânea. Michael Jackson é sua principal influência.

    Divulgação
    Cena do documentario "Flex is King", sobre o estilo de dança de rua Flex, nascido na periferia do Brooklyn
    Cena do documentario "Flex is King", sobre o estilo de dança de rua Flex, nascido na periferia de NY

    IMPROVISO

    Os praticantes do flex improvisam coreografias para tratar de situações tão devastadoras quanto um suicídio ou um confronto à mão armada. Nem sempre embalados pelo hip-hop ou funk, eles fazem as performances em parques e nas saídas do metrô.

    Flizzo e Jay Donn, os dançarinos retratados em "Flex Is Kings", são amigos com trajetórias diferentes. Flizzo passa dificuldades para sustentar a si mesmo, à mulher e à filha recém-nascida. Já Donn usa a técnica espontânea do flex em "Pinóquio", um espetáculo adulto da Company XIV, cujos integrantes são, na maioria, brancos.

    Donn viajou com a companhia para o festival de Edimburgo, na Escócia. Para o dançarino, não há diferenças entre os universos do flex e da dança contemporânea. "Não vejo o mundo a partir das cores de pele", diz Donn.

    O documentário coroa o momento em que o flex chega ao grau mais maduro de profissionalização.

    A competição BattleFest ocorreu pela primeira vez fora do Brooklyn e com o patrocínio de grandes empresas. O evento foi organizado em março no Harlem, a meca da cultura afro-americana em Manhattan. Seu fundador, Kareem Baptiste, planeja transformar a BattleFest em um evento internacional.

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