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    Letterman recebe hoje Stephen Colbert, seu sucessor na TV

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    22/04/2014 03h38

    Como é o verdadeiro Stephen Colbert? O comediante escolhido para suceder David Letterman, o decano dos programas de entrevistas de fim de noite da TV americana, vive um personagem em tempo integral há quase nove anos.

    Mas já anunciou que será "ele mesmo, fora do personagem" quem vai apresentar o "Late Show" em 2015, após a aposentadoria de Letterman, 67, que recebe seu sucessor hoje para uma entrevista.

    No Brasil, a atração da CBS vai ao ar às 23h30 pela Record News, normalmente dois dias após a exibição nos EUA.

    O Colbert que virou sensação na TV e na internet é uma paródia ácida e apatetada do ultraconservador Bill O'Reilly, 64, apresentador de maior audiência da rede Fox News.

    Colbert, 49, que afrancesou seu sobrenome (com tônica na última sílaba, "bér"), ironiza tudo aquilo que faz o sucesso de O'Reilly: o anti-intelectualismo, o patriotismo ingênuo, a defesa de valores familiares da América dos anos 1950 com toques de machismo, racismo e xenofobia.

    Mas, ao contrário do ar de sabe-tudo de O'Reilly (formado em Harvard e dono do mais alto salário do jornalismo da TV americana, estimado no equivalente a R$ 47 milhões/ano), Colbert abusa da empolgação e da cara de bom moço.

    Ele publicou livros humorísticos nos quais só o personagem dá as caras, com títulos como "Eu Sou a América (E Você Também Pode Ser)".

    Na abertura da sua atração no canal pago Comedy Central, Colbert aparece com uma águia e cai dos céus empunhando a bandeira americana.

    Por anos, ele foi "repórter" do programa cômico-jornalístico "Daily Show", de Jon Stewart. Pouco depois de ganhar seu próprio programa, no final de 2005, ele foi catapultado para a fama ao ser o comediante convidado do tradicional jantar dos correspondentes da Casa Branca.

    Colbert fez picadinho do então presidente George W. Bush. "Você é meu herói, nós não somos tão diferentes assim, não somos cerebrais, temos mais nervos nas tripas que no cérebro."

    "Governa melhor quem faz um governo menor e alcançamos um fabuloso padrão disso no Iraque", discursou.

    "Judeus, muçulmanos e hindus. Respeitamos a todos, são caminhos diferentes para se chegar a Jesus Cristo salvador."

    O discurso, recebido friamente e com risadas nervosas pela plateia atônita, viralizou na internet —de onde Colbert nunca mais saiu.

    Como seus futuros rivais dos "talk shows" da TV aberta, Colbert sabe inventar números que se espalham pelas redes sociais —como sua antológica coreografia ao som de "Get Lucky", do Daft Punk.

    Se isso é uma pista do Colbert real, Jimmy Fallon (que a GNT exibe no Brasil) e Jimmy Kimmel que se cuidem.

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