O nome, é verdade, não ajuda: "Reflexões de um Liquidificador" (Cinemax, 17h30; 16 anos) não é o tipo de título que sugira a perspectiva de momentos muito emocionantes.

E teremos momentos talvez não emocionantes —no sentido dos filmes de perseguição, digamos—, mas surpreendentes. Pois esse liquidificador observa, pensa e até mesmo narra o filme. Essa é a sua vida.
Pode não ser o melhor (nem o mais ágil). Talvez por isso mesmo ele nos observa com certo cinismo (impotente) e distanciamento (incontornável).

De todo modo, a sequência que melhor encarna a visão de André Klotzel, seu autor, é quando o liquidificador passeia pela cidade, numa caminhonete: pensamos que o estamos vendo. Nesse instante mágico é ele quem, na verdade, nos vê e nos julga.