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    Crítica: Mudança no formato não melhora 'Fantástico'

    MAURICIO STYCER
    COLUNISTA DA FOLHA

    29/04/2014 03h16

    Ao privilegiar mais a forma do que o conteúdo, a questão que se coloca diante do "novo" "Fantástico" é a seguinte: a mudança teve o objetivo de melhorar o programa ou só seduzir o espectador perdido a voltar a sintonizar na Globo na noite de domingo?

    Penso, por exemplo, na mais visível "inovação": a exposição pública de trechos da reunião de pauta, realizada numa terça-feira, na qual a equipe discute o que poderá ser exibido no domingo.

    Qualquer jornalista sabe que a exibição deste jogo de cena não tornará nenhuma reportagem melhor. O material exibido sobre o caso Bernardo, tema de comentários de colegas na reunião de pauta, é um bom exemplo. A reportagem não acrescentou nada ao caso porque não havia algo de novo a contar.

    Estevam Avellar/Divulgação/TV Globo
    Renata Vasconcelos e Tadeu Schmidt, à frente do telão interativo que faz parte do novo cenário
    Renata Vasconcelos e Tadeu Schmidt, à frente do telão interativo que faz parte do novo cenário

    O que significa então essa exposição dos bastidores? Serve para dar ao espectador a impressão (ilusória, insisto) de que está vendo os "bastidores" do programa.

    Por trás, existe a ideia de que, ao humanizar os procedimentos e as atitudes dos profissionais, a emissora estará se aproximando mais do seu público.

    Isso explica, também, a insistência do "novo" "Fantástico" em pedir a participação do espectador, via internet. "Conectado ao nosso site, manifeste o que você sentir com a nossa reportagem nesta noite", pediu Renata Vasconcellos.

    Em entrevista à Folha, neste domingo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, idealizador do programa, em 1973, voltou a reclamar que não há mais nada do "Fantástico" original, hoje com uma pauta eminentemente jornalística.

    Não sei avaliar se a falta de clipes musicais ou números de mágica é um problema ou uma solução.

    O fato é que trazer os atores Murilo Rosa e Maitê Proença para participar de uma entrevista com Felipão está longe de ser algo novo, capaz de melhorar o programa. É só uma bobagem mesmo.

    Perto de completar 41 anos, em agosto, o "Fantástico" é um sobrevivente. Ainda conta com jornalistas e produtores de ótimo nível, responsáveis por grandes trabalhos. Pouco do que fazem foi visto neste domingo. Em compensação, o público conheceu um "robozinho de telepresença", que passeou pela Redação e viajou de avião.

    A julgar pelo Ibope, o público não se sensibilizou com a recauchutada. O programa marcou 17,7 pontos (cada ponto representa 65 mil domicílios na Grande SP) —abaixo da já baixa média de 2014 (18,7).

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