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    Com tango, mambo e orquestra, Balé da Cidade estreia novas coreografias

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    02/05/2014 12h00

    Os ritmos latinos marcam as estreias do Balé da Cidade, neste sábado (3) no Theatro Municipal de São Paulo, "bandOneón" e "O Balcão do Amor".

    As duas coreografias, inéditas, foram feitas especialmente para a companhia pelo argentino Luis Arrieta e pelo israelense Itzik Galili.

    O tango é o fio condutor de "bandOneón", de Arrieta. A dança só com homens é inspirada no "Concerto para Bandonéon", de Astor Piazzola (1921-92).

    Já "O Balcão do Amor", de Galili, com música do "rei do mambo", o cubano Pérez Prado (1916-89), é uma obra bem-humorada sobre o ritmo caribenho.

    A latinidade musical e temática aconteceu meio por acaso: os dois coreógrafos foram convidados para criar obras para o corpo de baile, para serem executadas com orquestra ao vivo, mas ficaram livres para escolher seus temas e linguagens.

    E foi tudo muito rápido. Na programação previa, seria feita apenas uma remontagem de uma das quase 40 obras que Arrieta já criou para a companhia.

    "Insisti muito para ele criar algo novo. Arrieta faz parte do Balé da Cidade, e faz parte da minha proposta trazer coisas novas, mas também manter as grandes figuras que fizeram esta companhia", diz Iracity Cardoso, diretora artística do grupo.

    Arrieta, nascido em Buenos Aires, já havia coreografado Piazzola, mas nunca para o Balé da Cidade. "Escolhi um dos poucos concertos que existem para bandonéon e orquestra", diz.

    No espetáculo, a sinfônica municipal tocará junto com o bandoneonista argentino Daniel Binelli.

    Mas se o público espera ver o que já conhece como tango vai sair decepcionado, segundo Arrieta.

    "Não será o estereótipo. Assim como a música de Piazzola, busco a essencialidade", diz o coreógrafo.

    Ele também busca ambiguidade, como na escolha do título da obra. "É o instrumento, mas ao mesmo tempo é um bando neón, que pode ser traduzido como novo."

    Vestidos com figurino de Lino Villaventura, um bando de dez homens dança um tango que surpreende ao voltar a suas origens.

    "O tango começou com homens dançando nos bares, marginais dançando na rua, custou muito para entrar nos salões", conta Cardoso.

    Depois da dança com muita testosterona de Arrieta, dez casais entram em cena para uma festa de mambo.

    "Quis fazer algo divertido, prazeroso, nada pretensioso. 'O Balcão do Amor' não finge ser mais do que ele é", diz Galili sobre sua coreografia.

    Quando foi convidado pela diretora do Balé da Cidade para criar a obra, ele disse: "Estou em Cuba, tenha uma nova mulher cubana. Meu 'mood' agora é mambo".

    É também um estado de espírito bem-humorado. "Em seu trabalho, Itzik junta uma coisa poética com o humor, algo difícil de se encontrar em coreografias", diz Cardoso.

    Ao som da orquestra tocando clássicos de Pérez Prado, os bailarinos, vestidos por João Pimenta, rodopiam como numa festa de salão animada por um pouco de sacanagem.

    Na temporada, que vai até dia 7, as duas coreografias novas serão apresentadas junto com "Uneven", obra de 2013 de Cayetano Soto.

    BALÉ DA CIDADE
    Uneven, bandOneón e O Balcão do Amor
    QUANDO sáb., seg. e qua., às 20h; dom., às 18h
    ONDE Theatro Municipal de São Paulo, pça. Ramos de Azevedo, s/n, tel. (11) 3397-0327
    QUANTO de R$ 20 a R$ 60
    CLASSIFICAÇÃO 10 anos

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