• Ilustrada

    Monday, 29-Apr-2024 17:13:58 -03

    Camareira octagenária com 58 anos de carreira começou com teatro de revista

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    07/05/2014 02h03

    Ieda Ferreira é camareira há 58 anos. Começou na Praça Tiradentes, no teatro de revista. "Hoje falam que é musical", diz, descrevendo os espetáculos caracterizados por pouco enredo e pouca roupa.

    Questionada sobre sua idade, vira-se para Nathalia Timberg: "82. Não é, Nathalia?". "Você que sabe", diz a atriz. "E ela 84", diz Ieda. "Mais respeito, que eu estou indo para 85", diz Nathalia, rindo.

    A conversa foi na última apresentação paulistana de "Tríptico Samuel Beckett", em que Ieda é camareira. Agora as duas seguem em excursão nacional com a peça.

    No Rio, em produções de Walter Pinto e Silva Filho, Ieda começou como camareira das "girls", bailarinas como Íris Bruzzi, e passou depois para as cantoras e vedetes, como Celeste Aída e Nélia Paula, esta sua favorita.

    "O Oscarito, que lá dentro era seríssimo, era de quem eu mais gostava", diz. "O Grande Otelo era aquilo mesmo, correndo atrás das loiras. Tinha Dercy Gonçalves. Chico Anysio, que contava piada na cortina, enquanto as meninas se arrumavam, e de vez em quando encostava: 'Está pronto?'. Tinha todo mundo."

    Carioca de Ramos, mudou-se para São Paulo nos anos 60 com uma revista de Carlos Machado, "Skindô", no teatro Paramount, hoje Renault. "É esse que estragaram. Era belíssimo, com frisa, camarote, galeria, como eram os teatros do Império. Desmancharam tudo, fizeram aquela porcaria e deixaram só a casca."

    Em São Paulo, passou pelos grandes teatros da época, TBC, Arena e Oficina, com atores como Dina Sfat e Renato Borghi. Depois Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro, Diogo Vilela. Ieda não tem ideia de quantas peças já fez.

    Colaborou LENISE PINHEIRO

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024