A ideia de David Cronenberg ("A Mosca", "Senhores do Cime") lançar um filme sobre os bastidores de Hollywood deixou os cinéfilos salivando por um ano. A ideia de Robert Pattinson, um dos astros mais dissecados da era da internet, estar no centro da brincadeira era ainda melhor. Não tinha como dar errado. E não deu.
A primeira exibição de "Maps to the Stars" para a imprensa mundial, neste domingo (18), na competição oficial de Cannes, foi bastante aplaudida e já colocou pelo menos Julianne Moore na frente da corrida pelo prêmio de melhor atriz do festival -as chances de faturar a Palma de Ouro também aumentaram com a projeção.
Moore interpreta uma estrela hollywoodiana insegura, que luta pelo papel de sua vida ao mesmo tempo em que precisa "ouvir do diretor que ela é a pessoa certa". Nua ou apenas de calcinha por boa parte do tempo, ela entrega uma de suas interpretações mais corajosas dos últimos anos.
Mas a personagem é apenas parte de um mosaico bizarro construído por Cronenberg na trama. Robert Pattinson, apesar de vender o filme, possui um papel mínimo de motorista e dublê de ator —"Mapas das estrelas é uma furada, a não ser que você queira conhecer a ex-casa de Ryan Seacrest", diz ele no primeiro diálogo com Mia Wasikowska. Mia é realmente a protagonista do filme: uma garota com cicatrizes de queimadura pelo corpo que chega à Los Angeles, mas esconde muito mais por trás do comportamento delicado.
"Maps of the Stars" é um show de referências aos bastidores da indústria cinematográfica, o que pode afastar o público comum. Há o astro mirim mimado (Evan Bird, uma versão turbinada de Shia LaBeouf com pitadas de Justin Bieber), o conselheiro das estrelas (John Cusack, o único ponto fraco do filme) e a mulher neurótica (Olivia Williams). É como se David Lynch tivesse decidido filmar um episódio de "Entourage", com direito até a um mistério central que envolve incesto e tentativas de assassinato.
Para as fãs de Pattinson, resta apenas o alento de vê-lo usando uma peruca loira que o transforma numa espécie de umpa-lumpa, e uma cena de sexo no banco de trás de um carro -mas não se empolgue, porque ambos estão vestidos na sequência. Se for em busca desse tipo de coisa, melhor alugar "Crepúsculo" pela décima vez.
