Tiago Bettencourt diz que não gosta de complicar aquilo que não precisa ser complicado. "Tem gente que estraga uma canção com arranjos", diz o cantor português à Folha em seu estúdio em Lisboa.
Nesta segunda-feira (dia 26) chega às lojas seu terceiro álbum solo, "Do Princípio", com 12 músicas que foram compostas de um ano pra cá. E o novo disco, segundo ele, é um pouco luminoso e escrito de forma mais leve, acessível e simples do que os demais.
"Ele foi feito de maneira mais minimalista."
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| Tiago Bettencourt (foto) diz que tem vontade de voltar a tocar no Brasil, mas que é difícil |
A primeira faixa divulgada foi "Aquilo que Eu Não Fiz", que fala sobre o sentimento de ter que arcar com as consequências de atos de corrupção cometidos pelos outros. O clipe foi feito a partir de vídeos enviados pelos fãs.
VEJA O CLIPE DE "AQUILO QUE EU NÃO FIZ":
Já a segunda canção liberada ao público, "Morena", aborda o amor. Ela é singela, suingada e cita Tom Jobim em um dos versos:
"Esta morena não dança quando lhe mostro o Jobim.
Talvez não goste da letra, talvez não goste de mim".
VEJA VÍDEO COM A LETRA DE "MORENA":
Tom é um dos artistas preferidos de Tiago. "Ele consegue dizer as coisas mais simples do mundo de maneira muito bonita." Além dele, também gosta dos brasileiros Wilson das Neves, Chico Buarque, Caetano Veloso, Mallu Magalhães, Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo.
Com os dois últimos já tocou em uma miniturnê que seu ex-grupo, o Toranja, fez com o Los Hermanos no Brasil em 2006. Foram quatro shows muito "divertidos", diz o cantor, que ficou impressionado ao ver que o público daqui conhecia seu repertório. "O público brasileiro é muito entusiasmado".
Tiago tem vontade de voltar a se apresentar no Brasil, mas diz que é difícil conseguir. É muito longe, muito caro. Talvez se surgisse uma oportunidade como a que ele teve com o Toranja, com um "padrinho" daqui.
PROCESSO DE GRAVAÇÃO
"Trabalho muito bem sob pressão", conta o músico de 34 anos, que ensaiou dois meses antes de entrar em estúdio em dezembro passado. Ele diz que se precisar de uma música pra amanhã, por exemplo, ele vai lá e faz. É instintivo.
De todo o processo de produção, é dos ensaios que ele gosta mais, da parte criativa. Quando se junta aos outros músicos no estúdio, outras ideias podem surgir. "Não venho com as coisas muito planejadas para dar lugar ao acaso."
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| Capa do disco "Do Princípio", o terceiro álbum solo de Tiago Bettencourt |
ELETRÔNICO + MORELENBAUM
O disco "Do Princípio" tem influências da música eletrônica. Tiago conta que esse interesse pelo estilo cresceu depois que ele e Fred Ferreira (que também participa do álbum) produziram a banda alternativa Miúda.
Isso fez com que ele passasse a entender e a pesquisar mais sobre esse tipo de som —que deu um "ar mais contemporâneo" às suas novas canções. É o caso de "O que Mereço" (faixa número 7).
Já em outras composições mais intimistas, como "Aproxima-te Então", dá até pra ouvir a respiração de Tiago entre uma frase e outra.
O disco também conta com a participação do premiado maestro e arranjador brasileiro Jaques Morelenbaum, que trabalhou por anos e anos com Tom Jobim e Gal Costa, entre outros grandes nomes.
Morelenbaum é convidado na música que dá nome ao disco, "Do Princípio", e gravou com a orquestra que acompanha a canção direto do Rio de Janeiro.
O disco é distribuído pela gravadora Universal Music Portugal.