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    Diretor Ken Loach diz que pensará na aposentadoria após a Copa do Mundo

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CANNES

    22/05/2014 09h47

    O diretor britânico Ken Loach ("Ventos da Liberdade") anunciou que "Jimmy's Hall" seria seu último filme. Mas os ares de Cannes, onde o filme foi exibido nesta quinta-feira (22), dentro da competição oficial, parece ter feito o cineasta de 77 anos rever sua decisão.

    "Eu falei isso em um momento de pressão máxima, porque não tinha filmado quase nada do filme e havia uma montanha enorme pela frente. Achei que não conseguiria passar por isso de novo", explicou o diretor vencedor da Palma de Ouro por "Ventos da Liberdade", em 2006, logo após "Jimmy's Hall" ser bastante aplaudido em sua primeira sessão no festival.

    "Posso filmar novamente, é um talvez. Vou assistir à Copa do Mundo e veremos o que o outono trará. É um trabalho difícil de largar."

    Principalmente porque Loach ainda continua a fazer filmes que trazem uma voz diferente ao cinema. É verdade que "Jimmy's Hall" está diretamente ligado aos eventos que se desdobram em "Ventos da Liberdade", um épico sobre a guerra civil irlandesa após a revolta contra o domínio inglês.

    No novo filme, bem mais leve, o país já está em paz há dez anos, mas o poder da igreja católica é mais forte que nunca —e há um medo latente de que a violência que jogou vizinhos (protestantes) contra vizinhos (católicos) no passado possa ser novamente acesa.

    E a fagulha desse incêndio em uma vila do interior pode ser Jimmy Gralton (Barry Ward), que volta dos Estados Unidos, em 1932, após um exílio de dez anos. Ele deseja uma "vida calma", mas seu carisma e passado ativista não o deixarão repousar na fazenda com a mãe. Ele se vê reformando o centro comunitário em suas terras e, ao iniciar aulas de poesia, arte, dança e boxe, desperta o ódio do padre local (Jim Norton), que vê um levante comunista nestes encontros sem supervisão da igreja.

    A história é verídica e curiosamente moderna. Discute paranoia, opressão dos mais ricos, a ignorância que pode sair do radicalismo e a arte como subversão. Pode não trazer a força de "Ventos da Liberdade", mas pelo menos incorpora o humor de "A Parte dos Anjos", vencedor do prêmio do júri de Cannes, em 2012, e música tradicional irlandesa. Seria uma despedida digna de qualquer maneira.

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