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    Baterista Netinho celebra 50 anos de Os Incríveis com gravação de DVD

    GISLAINE GUTIERRE
    DE SÃO PAULO

    28/05/2014 12h46

    Famosa por músicas como "Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones" a banda Os Incríveis volta nesta quarta (28) aos palcos, para gravar seu primeiro DVD. O show, que comemora 50 anos do grupo, será realizado no Teatro Bradesco.

    No quinteto, agora há apenas um integrante da formação original: o baterista Netinho, 68 anos. Ele conta à Folha que tentou levar o guitarrista Risonho, 70, aos palcos também.

    "Mas ele não aceitou, não está tocando mais. E o Aroldo [que substituiu Risonho em 1970] mora em Nova York", diz Netinho.

    No entanto, todos estarão lá —incluindo os que morreram Mingo, Manito, Neno e Nenê— nas imagens projetadas num telão, que repassam a carreira do grupo.

    Netinho bem que tentou obter um depoimento da italiana Rita Pavone, de "Datemi un Martello", com quem teve um namoro em meados dos anos 60.

    "Mandei um recado para ela no Facebook há uns 15 dias", revela Netinho. Na mensagem, ele agradece por tê-la conhecido e diz que Rita mudou sua vida para melhor. A cantora retribui o carinho, desejando-lhe vida longa. "Como ela respondeu só aquilo, fiquei meio assim", ri Netinho.

    O namoro dos dois teve um impacto forte na carreira de Os Incríveis. Eles ainda eram The Clevers em 1963 e tinham o programa "Clevers Show" na TV quando acompanharam a italiana na turnê brasileira.

    Depois, foram para a Itália como banda de apoio. "Fizemos 40 cidades na Europa, 30 na Itália", conta o baterista. "Mas eu não podia sair na rua, porque eu era famoso, me botaram em outdoor, como o grande baterista do mundo", diz.

    Marcela Meneguello/Divulgação
    Os Incríveis: da esquerda para a direita: Rubinho, Leandro, Netinho, Wilson e Sandro
    Os Incríveis: da esquerda para a direita, Rubinho, Leandro, Netinho, Wilson e Sandro

    MENTIRAS

    Netinho diz que, ao desembarcar na Itália, foi recebido por uma multidão de fotógrafos e jornalistas e saiu nas principais revistas do país.

    "Eu nunca fiz reportagem lá, era sempre o empresário dela que falava por mim. Ele dizia que eu era filho de um fazendeiro rico, que fazia cinema no Brasil, tudo mentira", ri.

    O namoro mesmo, segundo o baterista, foi só na base do beijinho e de mãos dadas, em encontros raros. "Ela andava com seguranças o tempo todo", lembra. "E ela era virgem, que eu saiba."

    Por aqui, o caso só alimentou ainda mais o sucesso da banda, que em 1964 foi para Argentina, com o nome de Los Increibles e lançou um disco em castelhano.

    Em 1966, eles passam a comandar um programa homônimo ao grupo na TV Excelsior. Nesse mesmo ano, durante um cruzeiro pela Europa, gravam o longa-metragem "Os Incríveis Neste Mundo Louco". Em 1967, levam o programa de TV à Tupi e, em 1968, fazem turnê pelo Japão.

    BRIGAS

    "Eu achava que o sucesso não ia acabar nunca mais, mas não era verdade", diz Netinho. Em 1970, a gravação da música "Eu Te Amo, Meu Brasil", que será tocada no show desta quarta, começou a azedar a relação entre os integrantes.

    Com tom ufanista e em ano de Copa, a canção composta por Dom e Ravel foi apropriada pela ditadura militar. "Os jornalistas cobravam a gente, mas havia muita ingenuidade, era todo mundo moleque. A gente era despolitizado", diz.

    A música foi um sucesso comercial, mas os músicos tinham opiniões diferentes sobre os rumos a serem tomados. Vieram as divergências profissionais e veio também o problema das drogas.

    "Os caras tomavam bolinha, mas ela não era criticada. Em baile de debutante, todo mundo tomava, mas com a maconha tinham preconceito", diz. Da erva, Netinho migrou para a cocaína. "Foi braba essa fase", conta.

    O baterista diz que levou muito tempo para largar a droga. Um fato que o incentivou a largar a cocaína foi a descoberta de um câncer na laringe que, em 1995, o fez ter arrancadas todas as cordas vocais. "Fiquei mais rouco ainda", brinca.

    VOLTA

    Nesta quarta (28), Netinho quer fazer um show à altura do o sucesso de Os Incríveis. Acompanhado do filho, o multi-instrumentista Sandro Haick —que integra a banda com Leandro Weingaertner (baixo e vocal), Wilson Teixeira (sax) e Bruno Ribeiro (vocal e guitarra)— o músico vai fazer um dueto de bateria. Também promete levar ao palco oito teclados diferentes.

    No repertório, está o sucesso "O Milionário" e um pot-pourri com hits de James Brown, Rolling Stones, Beatles, Creedence Clearwater, Stevie Wonder e The Monkees.

    A produção é de Manoel Poladian, o mesmo que já assinou produções de Elis Regina, Sarah Vaughan, Roberto Carlos, Ray Charles, Ney Matogrosso e outros. "Este será o show da minha vida."

    OS INCRÍVEIS
    QUANDO nesta quarta (28) às 21h
    ONDE Teatro Bradesco, r. Turiassu, 2.100; tel (11)
    QUANTO R$ 130 e R$ 170
    CLASSIFICAÇÃO livre

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