Deste sábado (31) até o dia 6 de julho, um novo território ficará instalado para visitação na avenida Paulista, a Macalândia.

A terra com o mundo particular do cantor e compositor Jards Macalé, 71, ocupará o térreo do Itaú Cultural, com mais de 300 itens que ajudam a contar a trajetória do músico carioca, que se tornou conhecido com a canção "Gotham City", no final dos 1960.

"Cuidado! Há um abismo na porta principal", grita Macalé na música em referência a Batman, que pode ser lembrada já na entrada da exposição. Dois espelhos —um no teto, outro no chão— criam a ilusão de um abismo para o visitante, que se depara com uma sala cheia de cartazes antigos de shows.

	Ze Carlos Barretta/Folhapress
	O cantor Jards Macalé na mostra que o homenageia no Itaú Cultural, em São Paulo

"Eu fiz tudo isso? Fico cansado só de lembrar", riu Macalé, 40 anos de carreira, ao conhecer o local na noite de quarta. "Estava numa ansiedade. O nível de exposição aqui é muito grande, muito maior do que no palco."

Para marcar a abertura da mostra, o cantor fará, também neste sábado, às 20h, um show gratuito na plateia externa do Auditório Ibirapuera, relembrando sucessos como "Vapor Barato", parceria com Waly Salomão que ficou célebre na voz de Gal Costa.

A apresentação que está lhe preocupando, porém, é outra: sua estreia como mágico, marcada para domingo, às 16h, no Itaú Cultural, também com entrada franca.

Macalé teme por Elacam Tená —seu codinome de mágico, uma inversão do apelido "Macalé" e de seu sobrenome "Anet"—, ainda um principiante no ilusionismo, embora se diga admirador de truques há tempos. Para dar uma força, o show terá também o mágico profissional Ricardo Malerbi.

"Minha varinha é essa aqui", diz Macalé mostrando uma batuta. A produção lhe entrega uma cartola de veludo preto, comprada para a estreia. Logo batuca com a batuta na aba. "Sai samba!"

O bom humor do músico reflete também outras duas paixões ligadas ao universo infantil, as pipas e os quadrinhos, lembrados na seção final da exposição. O escritor e desenhista Lourenço Mutarelli ("O Cheiro do Ralo"), 50, aliás, foi o responsável pela cenografia da "ocupação", como é chamada a mostra.

"Macalé é um cara que jogou xadrez com o John Cage e ganhou, ainda por cima. Ao mesmo tempo, é o cara que vestiu uma fralda e uma máscara do Batman para sair na rua e também fundou o bloco de carnaval Suvaco de Cristo", comenta Mutarelli as diferentes facetas que tentou abordar na montagem.

É bom andar atento pelos corredores. Além de vídeos, fotos, objetos e cartas pessoais bem à vista, há uma passagem secreta, que leva à seção mais inusitada da mostra. Lá, uma espécie de batcaverna abriga dois banheiros, onde, sentando na privada, pode-se assistir a vídeos.

Os sanitários remetem ao show "Sorriso Verão", de 1973, marcado por protestos contra a ditadura. No espetáculo, Macalé vestia pijama para tocar usando uma privada no lugar de banquinho.

Na área secreta, há ainda uma sala restrita a maiores de 18 anos, com quadrinhos eróticos da coleção de Macalé, fã das histórias sensuais de Carlos Zéfiro (1921-1992).

OCUPAÇÃO JARDS MACALÉ
QUANDO abertura neste sábado (31), às 11h; de ter. a sex., das 9h às 20h; sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h; até 6/7
ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1776
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre