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    Ritmos dos anos 1970 e 1980 voltam à moda com Chromeo e Cut Copy

    GIULIANA DE TOLEDO
    DE SÃO PAULO

    06/06/2014 02h03

    "White Women", novo disco da dupla canadense Chromeo, está há menos de um mês nas lojas. Não é estranho, porém, que o CD soe familiar para quem viveu as pistas de dança de 30 anos atrás. O balanço se baseia no funk, no soul e na música disco das décadas de 1970 e 1980.

    Outro lançamento recente de causar "déjà vu" é "Free Your Mind", novo CD da banda australiana Cut Copy, que se apresenta nesta sexta (6) em São Paulo, no Audio Club (leia entrevista aqui ).

    Apesar de atrair mais o público jovem, o grupo pode fazer a cabeça de pais e filhos, com seu pop carregado de sintetizadores dos anos 1980.

    Timothy Saccenti/Divulgação
    David Macklovitch (esq.) e Patrick Gemayel, do Chromeo
    David Macklovitch (esq.) e Patrick Gemayel, do Chromeo

    Com o caminho aberto pelos sucessos recentes da dupla de música eletrônica Daft Punk e pela nostalgia causada por "Xscape", novo disco póstumo de Michael Jackson, a música dançante dos anos 1970 e 1980 ganha fôlego.

    Os franceses do Daft Punk, donos dos hits "Get Lucky" e "One More Time", abriram as portas do saudosismo para que o Chromeo, após dez anos de carreira e fiel a esse estilo desde o início, tenha agora a chance de atingir um público maior.

    "White Women" estreou na 11ª posição da "Billboard", parada de sucessos dos EUA. É o melhor resultado do duo formado por David Macklovitch, ou Dave 1, e Patrick Gemayel, apelidado de P-Thugg.

    "O que o Daft Punk e o Chromeo fazem é usar ritmos extremamente populares. É um 'groove' com aceitação imediata. São músicas daquelas em que a galera solta a franga em festa da firma e casamento", avalia o produtor Carlos Eduardo Miranda.

    Tony Tornado, um dos precursores da black music no país, também diz não se surpreender com a onda de interesse. "Modéstia à parte, fizemos uma música de base", ri. Aos 84, o cantor e ator segue nos palcos, lembrando sucessos como "BR-3" e "Podes Crer, Amizade".

    "É uma música eterna porque serve para dançar, mas tem uma mensagem séria. A black music nasceu como forma de resistência. Meu show é um 'black museu'", conta.

    William Magalhães, 48, vocalista da banda carioca Black Rio, fundada em 1977, diz que a boa fase do estilo está se refletindo também na sua carreira. Para o fim do ano, o grupo planeja turnê na França e na Inglaterra.

    SINTETIZADORES

    A atenção estrangeira também já se voltou para o capixaba Silva, 25, que, como o Cut Copy, adota sintetizadores dos anos 1980 nas composições.

    "O que gosto na música oitentista é que os arranjos são muito ricos, tão importantes quanto as letras", diz Silva.

    Lançado em março, "Vista pro Mar", seu segundo disco, foi levado ao Rock in Rio Lisboa e deve sair nos EUA no segundo semestre pelo selo Six Degrees, que tem Bebel Gilberto e Lenine no catálogo.

    Para a cantora carioca Marcela Vale, 27, do projeto Mahmundi, a década de 1980 também é referência. "Gosto muito de Phil Collins desde criança. Foi uma época divertida, mas ficou tachada de brega. Adoro aqueles efeitos de reverberação", diz ela, que prepara o primeiro disco, sucessor dos EPs "Efeito das Cores" (2012) e "Setembro" (2013).

    "São músicas fáceis de escutar, mas complexas de fazer. Depois veio o grunge e a tendência passou a ser simplificar", diz o produtor Lucas de Paiva, 26, que já atuou com Silva e Mahmundi.

    Sem medo de soar brega, Paiva criou no Rio a banda Séculos Apaixonados, que cria letras românticas embaladas por muitos saxofones, típicos de três décadas atrás.

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