Faz 15 anos que Jack White lançou seu primeiro disco. Nesse período, ele lançou seis LPs com o White Stripes, dois com o Raconteurs, dois com o Dead Weather, fez trilhas sonoras, atuou em pelo menos dez filmes, colaborou com Danger Mouse, Alicia Keys e Electric Six, produziu discos de Loretta Lynn, Wanda Jackson e Neil Young, fundou uma gravadora, abriu um estúdio, virou patrono da preservação de discos antigos do folk norte-americano e acaba de lançar seu segundo disco solo, "Lazaretto". Difícil encontrar um músico mais ocupado que ele.
White sempre dominou os discos de que participou, mesmo em projetos recheados de gente talentosa, como o Dead Weather. Mas são seus dois últimos trabalhos solo, "Blunderbuss" (2012) e este "Lazaretto", que parecem representar melhor a sua abrangente visão musical. São discos ecléticos, bem mais do que as releituras de velhos blues que ele fazia na época do White Stripes.
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| O músico e guitarrista Jack White em foto de 2012 |
Em "Lazaretto", White mistura blues, country, hard rock, pop sinfônico à Phil Spector, soft-rock californiano dos anos 70 (Eagles, Fleetwood Mac, Crosby, Stills & Nash) e folk para criar uma música que abraça o futuro sem soar nostálgica ou velha. Sua voz continua emulando Robert Plant, do Led Zeppelin, outro cantor que sempre se inspirou em velhos mestres do blues.
Em entrevistas, White diz que o processo de composição de "Lazaretto" foi um experimento: sofrendo um bloqueio criativo, ele teria encontrado letras e poemas que havia escrito aos 19 anos e as adaptado a músicas novas. Essa volta ao passado pode ter sido uma forma de evitar falar do presente, época triste para o compositor, que acabou de passar por um longo e doloroso divórcio da modelo Karen Elson, com quem havia se casado em Manaus, em 2005.
"Lazaretto" é uma palavra italiana e significa o local onde viajantes marítimos eram mantidos de quarentena, o que diz muito sobre a atmosfera deprê e solitária de algumas letras. White frequentemente se coloca na posição de um homem sozinho contra o mundo, batalhando contra forças misteriosas. A dor parece ter inspirado White, que fez um disco ainda melhor que "Blunderbuss".
ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e diretor do programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil
COTAÇÃO Bom
Veja o clipe da faixa "Lazaretto", que dá nome ao disco:
