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    Crítica: Ator de 'A Grande Beleza' volta como gêmeos em filme pouco original

    RICARDO CALIL
    CRÍTICO DA FOLHA

    10/07/2014 02h40

    "Viva a Liberdade" é um caso incomum no cinema recente de lançamento no Brasil. Estreia no país puxado pelo carisma de um ator europeu —algo que foi mais rotineiro no passado.

    No caso, trata-se do italiano Toni Servillo, protagonista de "A Grande Beleza", dirigido por Paolo Sorrentino, melhor filme estrangeiro no último Oscar e sucesso no circuito alternativo brasileiro.

    Realizado na Itália no ano passado e exibido sem alarde no resto do mundo, "Viva a Liberdade" chega aqui graças a um apelo simples: o ótimo Servillo divide-se em dois papeis, de irmãos gêmeos.

    Divulgação
    O ator Toni Servillo cercado por crianças no longa 'Viva a Liberdade', em que interpreta gêmeos Enrico e Giovanni
    Toni Servillo cercado por crianças em 'Viva a Liberdade', em que interpreta gêmeos Enrico e Giovanni

    Um deles é Enrico, secretário principal do partido de oposição na Itália e provável candidato nas próximas eleições. Em meio a uma crise que afeta o partido e sua vida pessoal, ele desaparece —e decide ir em segredo a Paris para rever um antigo amor.

    Para encontrar Enrico, o assessor do secretário procura seu irmão gêmeo, Giovanni, filósofo que sofre de transtorno bipolar, recém-saído de uma instituição psiquiátrica.

    Por sugestão do assessor, Giovanni toma o lugar de Enrico. E a candidatura decola porque o filósofo, eloquente e indomável, decide falar somente a verdade —ao contrário do irmão, um mestre das meias palavras.

    Nessa farsa sobre o teatro da política, Servillo brilha nos dois papeis com seu rosto que veste com conforto tanto a máscara da comédia quanto a da tragédia.

    Na direção de Roberto Andò falta, por vezes, um olhar mais agudo e original sobre o tema, como o de Nanni Moretti em "Habemus Papam" (2011), outro filme sobre o desaparecimento de uma autoridade.

    Mas, no geral, "Viva a Liberdade" confirma que o cinema italiano retorna a um bom momento -já que mesmo seus filmes médios, como esse, podem ser vistos com prazer e trazem lampejos de graça e inteligência.

    VIVA A LIBERDADE (VIVA LA LIBERTÀ)
    DIREÇÃO Roberto Andò
    PRODUÇÃO Itália, 2013
    ONDE Cine Sabesp, Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca e Reserva Cultural
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos
    AVALIAÇÃO regular

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