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    Crítica: 'Quem Tem Medo de Virginia Woolf?' garante boa experiência

    GUSTAVO FIORATTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    16/07/2014 02h32

    Em sua produção mais recente, o autor americano Edward Albee arriscou distanciar-se da própria tradição dramática da qual tornou-se mestre. Mas são seus trabalhos realistas dos anos 1960, ou os flertes com o absurdo dos anos 1970 em diante que ainda despertam interesse entre artistas brasileiros.

    Igual a tantas, a nova montagem para "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" (1966), com Zezé Polessa e Daniel Dantas, equilibra-se entre a garantia de um velho hit e o risco de dar novo olhar a algo familiar demais. O desafio é vencido sob a perspectiva de uma relação com o cinema.

    A falta de interesse geral pela dramaturgia mais recente de Albee é também reflexo de um cenário comercial pouco corajoso. Mas é preciso dar o braço a torcer: a peça em questão ainda se faz atual.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Os atores Daniel Dantas e Zezé Polessa em cena da peça 'Quem tem Medo de Virginia Woolf?' em SP
    Os atores Daniel Dantas e Zezé Polessa em cena da peça 'Quem tem Medo de Virginia Woolf?' em SP

    Ela espelha a mediocridade autociente do casal que vê no casamento um passo para o sucesso. Só não o faz em total consonância com os dias de hoje porque o papel da mulher, de 1960 para cá, mudou significativamente.

    A montagem ocupa o palco com mobiliário comum no centro, mas traz esculturas simbólicas à margem. A cenografia se move conforme a noite adentra em um pesadelo, e a distorção também se reflete na atuação, com referência aos movimentos que o uso de câmeras possibilita em filmes.

    Dantas e Polessa estão extraordinários, irônicos como a peça pede. E bem mais abusados do que Marco Nanini e Marieta Severo em montagem de João Falcão de 2000.

    Voltar a "Quem Tem Medo" soa como opção segura demais, mas o espetáculo garante uma boa experiência para quem tem saudade de um bom drama.

    QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?
    QUANDO sex. às 21h30, sáb. às 21h e dom. às 18h (até 27.jul)
    ONDE Teatro Raul Cortez; r. Doutor Plínio Barreto, 285, tel. (11) 3254-1700
    QUANTO de R$ 60 a R$ 90
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos
    AVALIAÇÃO bom

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