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    Valência vive renovação musical

    VALERIE GLADSTONE
    DO "NEW YORK TIMES"

    22/07/2014 05h43

    A música faz parte da história de Valência, a terceira maior cidade da Espanha.

    Há séculos pessoas da cidade e dos arredores formam grupos de música sinfônica. As crianças aprendem desde cedo a dançar jota e boleros e a tocar obras de Mozart e Stravinsky, além de ter o flamenco correndo em suas veias. À beira do Mediterrâneo, na costa leste da Espanha, há muito tempo Valência é um ponto de ligação entre as culturas ocidentais, africanas, hispânicas e sul-americanas, mesclando tradições musicais.

    Nos últimos anos, essa cidade de cerca de 800 mil habitantes vem ganhando novas sonoridades devido à fundação, em 2011, do primeiro campus internacional da Faculdade de Música Berklee, de Boston. O campus está instalado no moderníssimo complexo da Cidade das Artes e Ciências, projetado por Santiago Calatrava.

    Desde então surgiu uma nova cena musical, graças ao contato entre músicos locais e estudantes de todo o mundo.

    Os turistas agora encontram muito mais shows, mais bares e clubes com música ao vivo, e uma atmosfera mais artística e jovial.

    Valência está se tornando uma cidade universitária com ênfase em música e é uma das poucas cidades espanholas que demonstra mais vitalidade atualmente do que há cinco anos.

    "O que está acontecendo aqui é a próxima onda musical", disse Brian Cole, sub-reitor de assuntos acadêmicos da Berklee Valência. "A população da área é totalmente musical."

    Há numerosas salas de concerto. O Palau de les Arts Reina Sofía, a casa de ópera e o centro de artes cênicas na Cidade das Artes e Ciências apresentam programas a cargo de Zubin Mehta e recitais anuais de Plácido Domingo. A casa de ópera ficou fechada no inverno passado devido à queda de azulejos de sua fachada, mas as atividades foram plenamente retomadas em fevereiro deste ano. O Palau de la Música, com cúpula de vidro, é a sede da venerável Orquestra de Valência.

    Mas é nos clubes noturnos que músicos e estudantes da Berklee Valência liberam totalmente a criatividade, criando gêneros como se estivessem em um laboratório. Os clubes atraem um público tão diverso quanto sua música: músicos de bandas valencianas na faixa dos 70 anos, ao lado de um compositor de trilhas sonoras de 23 anos de Berklee e de estudantes do Togo e da Indonésia, por exemplo, todos abertos ao que estiver em cartaz.

    "A Berklee nos trouxe jovens instrumentistas excelentes de muitos países", disse Chevi Martinez, que abriu o Jimmy Glass Jazz Bar em 1991. "Eles se dão bem com músicos locais e visitantes, e todos fazem experiências juntos aqui."

    O pianista Emilio Solla, radicado em Nova York, e seu Tango Jazz Quartet se acomodaram no palco estreito do clube e começaram a tocar. Era jazz, obviamente, porém mesclado com sons exóticos desconhecidos. Às 2 horas da madrugada, o quarteto já havia hipnotizado o público e a atmosfera ficou mais intensa.

    A estudante Luisa Sales, muito elegante em seu vestido de seda de tom pastel, iniciou a apresentação com duas canções brasileiras no Café Mercedes. Ganavya Doraiswamy cantou os clássicos "Summertime" e "Cry Me a River" com a escala modal da música indiana. Para encerrar o show, o agitado cantor e violonista clássico Luis Regidor Pain fez improvisos dignos de um discípulo de Louis Armstrong. Os estudantes de Berklee "roubaram" a cena da noitada.

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