• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 01:46:39 -03

    Crítica: Musicais envolvem com bons instrumentistas e atores cantores

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    23/07/2014 02h27

    "Pour Elise", com seu humor leve sobre temas pesados, remete imediatamente à dramaturgia já conhecida de Flavio de Souza, de "Fica Comigo esta Noite", hoje menos presente no teatro paulistano.

    No caso, perto da morte, o pianista Sbig relembra o amor de sua vida. Começa na Polônia, às vésperas da Segunda Guerra e no princípio da perseguição nazista aos judeus, e avança para o Brasil e a morte da amada.

    Com canções derivadas de clássicos eruditos e letras que remetem à narrativa vaga de um amor por Elise, é quase uma brincadeira. Mas bem executada pelos instrumentistas em cena e pelo elenco.

    Lenise Pinheiro - 10.jul.2014/Folhapress
    Lui Strassburger e Gabriela Alves Toulier, no musical em 'Pour Elise'
    Lui Strassburger e Gabriela Alves Toulier, no musical em 'Pour Elise'

    O protagonista se divide em dois: um velho narrador feito com humor e desenvoltura por Lui Strassburger e um jovem vivido pelo múltiplo Claudio Goldman, que não só canta, mas toca piano, clarinete, flauta e responde pelas canções ao lado de Souza.

    A peça corre em torno da inspiração amorosa de Elise, representada com ironia e sensualidade e cantada com inusitada proficiência lírica por Gabriela Alves Toulier.

    Em vez do realismo corrente nos musicais no Brasil, Souza ergue uma trama que é como um sonho, com personagens que se dissolvem em referências como o filme "Casablanca", permitindo que as canções embalem a peça, não sua história.

    O resultado é envolvente e explica a plateia lotada numa quarta-feira. Mas tem os seus problemas, como a cenografia quase improvisada, com telão ao fundo cobrindo o cenário de outra peça e servindo para algumas projeções ilustrativas.

    APURO

    "Miranda por Miranda", outro musical para teatros de tamanho médio, com instrumentistas no palco e focado na destreza vocal dos atores, contrasta pela produção mais apurada, que se reflete nos vídeos também projetados em telão.

    Reúne profissionais estabelecidos do gênero, como o diretor musical Tim Rescala e sobretudo a protagonista Stella Miranda, de espetáculos como a lendária "Ópera do Malandro" de 1979 e "A Madrinha Embriagada", que saiu de cartaz em junho.

    Além das belas projeções dos "cenários virtuais" de Samir Abujamra, a qualidade da produção se reflete na cenografia simples de uma plataforma para a estrela do rádio e de Hollywood Carmen Miranda, idealizada por Hélio Eichbauer.

    Uma estrela musical na melhor tradição do gênero, Stella Miranda tem presença cênica, mordacidade e timbre de voz com boa extensão e beleza. No espetáculo, revive o papel com que amontoou prêmios em 2001, em "South American Way".

    É sustentada por um "Bando da Lua" impecável, com atores-cantores como Rogério Guedes.

    O senão é que, mais uma vez, trata-se do tributo a um ídolo, com narrativa frouxa impedindo que se tenha, de fato, um musical. É quase um show.

    POUR ELISE
    QUANDO qua. e qui. às 21h; até 31/7
    ONDE Teatro Folha, av. Higienópolis, 618, tel. (11) 3823-2323
    QUANTO R$ 10 e R$ 20
    AVALIAÇÃO bom

    MIRANDA POR MIRANDA
    QUANDO sex. às 21h30, sáb. às 21h, dom. às 19h; até 27/7
    ONDE Teatro Augusta, r. Augusta, 943, tel. (11) 3151-4141
    QUANTO R$ 50
    AVALIAÇÃO bom

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024