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    Filme aproveita onda das mobilizações para falar de política universitária

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    23/07/2014 13h09

    Roque (Esteban Lamothe) é um jovem aparentemente ingênuo vindo de cidade pequena e recém-ingresso na universidade pública em Buenos Aires. No começo, sua vida estudantil se resume a festas e conquistas amorosas.

    Aos poucos, ele se enreda no mar de siglas das diferentes agremiações acadêmicas que disputam o poder na universidade e se torna uma verdadeira raposa política.

    O filme argentino "O Estudante", de Santiago Mitre, estreia nesta quinta (24) nos cinemas após ter recebido prêmios do júri no Festival de Locarno e no Bacifi (festival de cinema independente de Buenos Aires).

    "É uma fábula política, sobre o poder e os consensos,mas passada num microcosmos particular: o da universidade pública", diz Mitre à Folha. Estreante na direção de longas, ele ganhou destaque escrevendo roteiros para filmes de Pablo Trapero ("Leonera", "Elefante Branco"), um dos nomes mais famosos do novo cinema argentino.

    Divulgação
    Os atores Esteban Lamothe e Ricardo Felix, que interpretam Roque e Acevedo no filme 'O Estudante', de Santiago Mitre
    Os atores Esteban Lamothe e Ricardo Felix, que interpretam Roque e Acevedo no filme 'O Estudante'

    "O Estudante" foi rodado em 2011, ano marcado pelas convulsões da primavera árabe, do Occupy Wall Street e das mobilizações no Chile e na Europa. "O filme se comunica com o clima da época, de questionamento de governos, e isso ajudou a carreira dele nos festivais", afirma Mitre.

    "Nós argentinos somos muito politizados. Se fala mais de politica do que de futebol", afirma o diretor. "Achei que o filme fosse ter apenas atenção nacional. Mas me surpreendi. Talvez seja pelo ambiente da universidade, tão conhecido."

    A Universidade de Buenos Aires mostrada no filme não difere muito do ambiente das instituições públicas brasileiras, lotado de cartazes com palavras de ordem e debates políticos regados a cerveja.

    No longa, Roque é levado à política por Paula (Romina Paula), professora engajada por quem se apaixona. Ela o apresenta a Acevedo (Ricardo Felix), tipo mais experiente e pragmático, que aspira a reitoria da universidade e manipula Roque para ajudá-lo.

    Mitre diz que a trama não tem qualquer relação com o kirchnerismo e os movimentos estudantis que o apoiam, como o grupo La Cámpora.

    "Não há relação com nenhum fato específico. É sobre como se maneja o poder e os consensos na política", diz Mitre. "O filme fala da tensão entre os ideais e a vida prática. E de como a política obriga a trair alguns desses ideais".

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