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    'Fui explorada', afirma Jacqueline Bisset, convidada de honra de Paulínia

    GUILHERME GENESTRETI
    ENVIADO ESPECIAL A PAULÍNIA (SP)

    25/07/2014 02h00

    Segurando a onda entre dois homens de temperamento difícil no set —o ator francês Gérard Depardieu e o diretor americano Abel Ferrara— está uma atriz que se diz contrária à banalização do palavrão e que, nos anos 1970, deu outra dimensão ao visual camiseta molhada.

    A inglesa Jacqueline Bisset, 69, é uma das convidadas de honra do Festival de Cinema de Paulínia, que começou na última terça (22). Ela veio ao Brasil para apresentar o filme "Bem-Vindo a Nova York", de Ferrara, que encerra a mostra. No longa, ela vive a mulher do executivo viciado em sexo interpretado por Depardieu.

    "Sou fascinada pela forma crua como Ferrara retrata a realidade, mas nunca imaginei que poderia trabalhar com ele por causa do tipo de filme que faz", diz a atriz à Folha. "Ferrara tem esse ar meio selvagem, mas o processo foi todo muito suave."

    Zé Carlos Barretta - 23.abr.2014/Folhapress
    A atriz Jacqueline Bisset na abertura da Mostra Imovision, na Reserva Cultural em SP, na quarta (23)
    A atriz Jacqueline Bisset na abertura da Mostra Imovision, na Reserva Cultural em SP, na quarta (23)

    Apesar de contarem com um roteiro, o diretor incentivou o casal de protagonistas a improvisar sobre os diálogos. "Não acho Depardieu tão feroz. É gentil. O que ele tem é muita energia e precisa depositá-la em algum lugar. É por isso que trabalha tanto."

    VIOLÊNCIA

    Jacqueline Bisset, dos filmes "Bullitt" (1968) e "A Noite Americana" (1973), ganhou seu primeiro Globo de Ouro neste ano, como atriz coadjuvante na série de TV "Dancing on The Edge".

    "Não acho que fazer televisão seja muito diferente do que fazer cinema. É só que agora a TV tem papéis mais realistas, dá para ter cenas mais fortes. Mas, ao mesmo tempo, as histórias são sempre muito violentas -se não fisicamente, emocionalmente. Me sinto um pouco perturbada com isso: não há histórias suaves."

    Ela também se sente desconfortável com o excesso de palavrões nas novas produções. "Não acho interessante usar um 'fuck' a cada dois segundos. Abel fala palavrões constantemente, mas é o jeito dele. Ele nem se dá conta."

    TÚMULO

    Em seus primeiros trabalhos, nos anos 1960, Bisset foi constantemente escalada para papéis que valorizavam seus dotes físicos.

    Em 1977, seu status de sex symbol chegou ao auge com o filme "O Fundo do Mar", de Peter Yates, famoso pelas cenas subaquáticas protagonizadas por uma Bisset trajando apenas camiseta molhada e parte de baixo do biquíni.

    Além de boa bilheteria, o filme rendeu ao produtor Peter Guber uma frase que se tornou clássica nos bastidores do cinema: "Aquela camiseta me fez um homem rico".

    "Fui completamente explorada, não durante a rodagem, mas pelo estúdio", afirma a atriz. "Eles não tinham o direito de usar fotos minhas sob a água para promover o filme. Não estava no contrato."

    "No meu túmulo acho que vão escrever: 'Jacqueline Bisset, que fez 'O Fundo do Mar''."

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