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    Exposição inédita mostra a intimidade de Frida Kahlo

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    25/07/2014 02h49

    Uma grande boca, impressa em batom rosa sobre uma fotografia que mostra Diego Rivera, marido de Frida Kahlo. É a pintora mexicana a autora da marca, feita sobre uma das 241 fotografias de seu acervo pessoal, que estão em exibição pela primeira vez no Brasil.

    A mostra, uma viagem pela intimidade, pelas referências e pela forte personalidade da artista mexicana, fica em cartaz até novembro em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer, único no país a recebê-la.

    Parte das fotos está comentada, recortada e assinalada por Frida (1907-1954), que interagia com seu acervo, revelando a forma intensa como se relacionava com as pessoas e os fatos à sua volta.

    "Ela toma a fotografia como um objeto vivo. Recorta, pinta, escreve, intervém", comenta a diretora do Museu Frida Kahlo, Hilda Trujillo.

    Mais que isso, a exibição tem o mérito de mostrar "uma Frida humana, próxima, e não um ser distante ou exótico", segundo Trujillo.

    Foi a diretora quem começou a explorar, há quase dez anos, o acervo de 6.300 fotos que estavam guardadas num banheiro da Casa Azul, onde Frida cresceu e que hoje é um museu em sua homenagem.

    Há fotografias de diversos autores, algumas anônimas. Retratam não só o cotidiano e a história de Frida, mas também trazem referências pessoais, como cenas indígenas, personagens da Revolução Mexicana e o cotidiano de países soviéticos -a artista era do Partido Comunista.

    "É uma coleção muito particular, de interesse intelectual", diz Trujillo.

    INFLUÊNCIAS

    A pintora teve desde cedo uma relação íntima com a fotografia: seu pai, Guillermo, era fotógrafo. Ainda criança, Frida o acompanhava nas sessões e servia de modelo.

    Nas fotos mais antigas, é possível enxergar o olhar penetrante da pintora, que se tornaria conhecido pelos vários autorretratos que fez ao longo de sua carreira.

    A opção pelo autorretrato, aliás, tem influência direta do pai, que costumava tirar fotos de si próprio. Logo na primeira sala da exposição, há 18 autorretratos de Guillermo. A pintora Frida se inspiraria neles para suas telas.

    A exposição também oferece a oportunidade de conhecer Frida na intimidade.

    Num pequeno retrato, vê-se a pintora, famosa pelos vestidos coloridos e penteados efusivos, de cabelos soltos, expressão contrita, com um cigarro na mão e de calça e camisa escuras.

    No verso, um comentário: "Frida recém-operada em 1946. Ficou pior que nunca, com dores mais intensas do que alguém pode imaginar".

    A pintora sofreu um acidente que quase a matou, aos 18 anos. Conviveu com dores pelo resto da vida.

    Em outra foto, de uma mulher anônima, sentada com as pernas abertas para o alto, um comentário irreverente da pintora, que teve vários casos amorosos: "Minha posição normal na vida".

    "É a história dela revelada por ela mesma", diz Estela Sandrini, diretora do Museu Oscar Niemeyer.

    FRIDA KAHLO - AS SUAS FOTOGRAFIAS
    QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h; até 2/11
    ONDE Museu Oscar Niemeyer, r. Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba, tel. (41) 3350-4400
    *QUANTO * R$ 6
    CLASSIFICAÇÃO livre

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