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    Análise: Popular, Suassuna foi um dos maiores dramaturgos do país

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    25/07/2014 02h26

    Ariano Suassuna, embora sempre tenha sido reconhecido mais como dramaturgo, deixou de escrever regularmente para o palco no distante ano de 1962.

    O auge de sua produção teatral, iniciada com o amigo Hermilo Borba Filho no Teatro do Estudante de Pernambuco, criado quando ambos ainda cursavam direito, havia durado uma década e meia.

    Suassuna dedicou-se a partir daí a lecionar estética na Universidade Federal de Pernambuco, assumir cargos federais e estaduais de cultura durante o regime militar e escrever prosa.

    Abriu duas exceções: em 1987, quando criou "As Conchambranças de Quaderna", e dez anos depois, quando publicou na Folha "A História de Amor de Romeu e Julieta".

    Paulo Torma/Divulgação
    Atriz Claudia Missura na peça 'O Santo e a Porca', de Ariano Suassuna
    Atriz Claudia Missura na peça 'O Santo e a Porca', de Ariano Suassuna

    As duas peças foram encenadas logo depois de editadas. Suassuna sempre foi um autor teatral de grande aceitação popular.

    Sua obra-prima, "Auto da Compadecida", de 1955, foi apresentada no Rio no Festival de Teatros Amadores do Brasil, em 1957, e tornou-o uma febre nacional.

    No ano seguinte, os dois maiores atores brasileiros da época, Sérgio Cardoso e Cacilda Becker, produziram respectivamente "O Casamento Suspeitoso" e "O Santo e a Porca".

    Entre as peças que estabeleceram Suassuna como um dos maiores dramaturgos brasileiros podem ser relacionadas também "Farsa da Boa Preguiça" e "A Pena e a Lei".

    Como relatava o próprio autor, seus textos, entre outras fontes, adaptavam folhetos do romanceiro nordestino, de cordel, ao rigor da tradição teatral ibérica.

    E quase sempre traziam uma ironia que é muito característica de Suassuna —e que foi marca também das "aulas-espetáculos" que ele apresentou ao longo das últimas duas décadas.

    Conservador moral, política e esteticamente em boa parte da sua vida, chegando a atacar a "pederastia" no setor cultural, o dramaturgo criticou a tropicália nos anos 1970 e o mangue beat nos 1990.

    Também vetou várias produções do diretor Antunes Filho a partir de obras suas, inclusive um "Auto da Compadecida" que seria musicado por Chico Buarque, em 1973.

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