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    Ricos fazem subir vendas no mercado de arte

    SCOTT REYBURN
    DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES

    31/07/2014 01h47

    A tendência parece ser crescente e irrefreável. Na semana passada, Sotheby's, Christie's e Phillips levantaram um total de US$ 340 milhões (R$ 757 milhões) com seus leilões londrinos de arte do pós-guerra e contemporânea —um aumento de 26% em relação às vendas equivalentes no verão passado.

    Antes dos leilões em Londres houve a feira Art Basel, na Suíça, em junho, onde um autorretrato de Andy Warhol foi vendido por US$ 30 milhões (R$ 67 milhões), e uma série de leilões diurnos e noturnos de arte contemporânea, em Nova York em maio, que rendeu um total de US$ 1,6 bilhão (R$ 3,6 bilhões).

    "O tempo do colecionador sonolento ficou para trás", comenta Amy Cappellazo, fundadora da Art Agency Partners, de Nova York, que estava em Londres para comprar obras. "Hoje os mais ricos dos ricos veem a arte como divisa alternativa. A arte virou um negócio enorme." Londres foi a escala mais recente do circuito de arte.

    Não se viram muitos rostos novos nos leilões de Londres ou na Basileia. Se novos compradores não estão invadindo níveis superiores do mercado de arte, é menos provável que a expansão atual represente uma bolha especulativa.

    O que é certo é que os compradores mais ricos estão centrando sua atenção numa gama menor de nomes de alto prestígio e baixo risco.

    Anders Petterson, fundador e diretor da firma londrina de analistas ArtTactic, disse que os dez artistas mais caros foram responsáveis por 73% dos US$ 330,4 milhões (R$ 735,8 milhões) arrecadados nos leilões noturnos da Sotheby's e Christie's.

    Francis Bacon é o artista mais caro do mercado contemporâneo, depois dos US$ 142,4 milhões (R$ 317 milhões) pagos por um grande tríptico dele em novembro, em Nova York.

    Pesquisas da Arts Economics em Dublin mostraram que, dos 36 mil artistas registrados no mercado mundial de leilões de arte do pós-guerra e contemporânea, menos de 50 já tiveram obras vendidas por mais de US$ 13,5 milhões (R$ 30 milhões).

    Em uma noite na Christie's, a monotonia foi rompida quando a obra mais famosa de Tracey Emin, a instalação "My Bed" (1998), foi vendida por US$ 4,2 milhões (R$ 9,2 milhões), ao marchand da artista em Londres. Em maio, a obra estava estimada em até US$ 2 milhões (R$ 4,4 milhões).

    Na entrevista coletiva após o leilão, Francis Outred, o diretor europeu de arte contemporânea da Christie's, disse que, embora as aquisições da noite tivessem sido dominadas por colecionadores conhecidos, 190 clientes de 28 países tinham feito lances.

    Ainda é apenas uma fração minúscula das 199.235 pessoas no mundo que a UBS e a consultoria Wealth-X estimam que tivessem mais de US$ 30 milhões em ativos em 2013. Em outras palavras, apesar da divulgação pela mídia do crescimento implacável do mercado de arte, aquela noite na Christie's foi dominada por 0,1% dos 0,1%.

    Tradução de CLARA ALLAIN

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