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    O rock de classe média dos Paralamas do Sucesso comemora 30 anos

    THALES DE MENEZES
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    01/08/2014 02h17

    O trio Paralamas do Sucesso quer marcar seus 30 anos com um pacote: o especial de TV com show comemorativo sai agora em CD e DVD.

    O escritório/estúdio do grupo fica em um prédio baixo no bairro carioca Jardim Botânico onde também mora o baterista João Barone. É ele quem explica o processo de criação desse trabalho.

    "Foi um desafio. A gente estava preparando um show sem a premissa de um trabalho autoral novo, sem a desculpa de um álbum novo, de inéditas, que é o que normalmente orienta uma turnê", disse o músico à Folha.

    A escolha do repertório deixou hits de fora, como "Óculos" e "Trac Trac". O trio organizou o show em blocos com alguma unidade, separando baladas, rock e reggae.

    Zô Guimarães/Folhapress
    João Barone, Herbert Vianna e Bi Ribeiro no escritório dos Paralamas do Sucesso, no Jardim Botânico (RJ)
    João Barone, Herbert Vianna e Bi Ribeiro no escritório dos Paralamas do Sucesso, no Rio

    Segundo o baixista, o público da turnê é "misturado", com gente da geração deles que traz os filhos. O grupo vai estender mais a turnê.

    "Estamos tão contentes que a gente vai dar uma de Paul McCartney e manter esse show um pouco mais na estrada", diz Barone.

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    Multishow Ao Vivo - Os Paralamas Do Sucesso 30 Anos
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    A banda já trabalha em novas canções. "A gente tem se encontrado, trocado ideias e gravado um pouco", conta o guitarrista Herbert Vianna.

    Barone diz que eles se reúnem para começar a dar forma às ideias iniciais de Herbert ("Ele escreve muito, sempre tira alguma coisa da cartola"), mas sem compromisso com a hora de gravar.

    O trio acredita no encolhimento do público de rock. Para Barone, o rock ficou rendido com a popularização massiva de outros gêneros que os jovens consomem.

    "Hip-hop, funk, música sertaneja, seja lá o que for. Com a ascensão da classe C, isso acabou pegando uma fatia do mercado que um dia o rock representou. A gente sabia que nosso sucesso era um fenômeno mais de classe média."

    Bi argumenta que o rock voltou "para o tamanho que tem que ser, do tamanho que era antes de ter essa onda da qual a gente fez parte. O rock existia antes no Brasil, como um gênero pequeno. Voltou para o tamanhozinho dele".

    "A gente foi a primeira banda da nossa geração que apontou para a música brasileira", prossegue o baixista. "Muitas bandas vieram atrás, como Chico Science, O Rappa. E tendeu para purificar o negócio, ir deixando o rock de lado. Hoje tem muita garotada fazendo MPB, fazendo samba."

    No DVD, eles emendam um dos sucessos iniciais, "Vital e Sua Moto", com duas músicas do Police, "Don't Stand So Close to Me" e "Every Breath You Take". Fãs antigos se lembram de como a banda era insistentemente comparada ao Police no começo dos anos 1980.

    Eles assumem a influência do trio inglês, mas dizem que o número de integrantes não foi inspirado no Police.

    "Não era uma proposta inicial, aconteceu. A gente não conseguiu botar mais ninguém na banda e nos lançamos como trio", conta Bi. "Mas depois essa unidade se fechou mesmo. A gente se resolveu nesse tamanho."

    AJUDA NOS SHOWS

    Nos shows, eles introduziram, aos poucos, teclados e metais. "As composições que eu fazia estavam necessitando de um outro tipo de suporte que a gente não conseguia como trio", explica Herbert.

    "Quando a gente ouve os discos antigos se surpreende com a qualidade das canções, dos arranjos que a gente determinou naquela época", diz Bi. Mas Barone interrompe para falar do disco de estreia, "Cinema Mudo". A decepção com ele é unanimidade.

    O trio fez muitas concessões, sem o conhecimento de gravação que hoje gente muito jovem já tem. Barone defende que entrar no estúdio era algo assustador. "Era um lugar cheio de regras, ninguém podia encostar a mão nesse ou naquele botão."

    A decepção foi tanta que eles combinaram que voltariam para a faculdade se não conseguissem gravar como queriam no álbum seguinte.

    Aí veio "O Passo do Lui". "O Herbert teve a felicidade de compor aquelas músicas que acertaram na mosca", diz Barone, "Muita gente acha que esse foi nosso primeiro álbum", acrescenta Herbert.

    "Fora o primeiro disco, a gente tem muito orgulho de todos os outros", resume Bi.

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