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    Solomon diz que seu livro ajudou leitor deprimido a evitar suicídio

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A PARATY

    01/08/2014 15h45

    "As pessoas que dizem aos que sofrem depressão que eles deveriam lidar com isso sozinhos, sem a ajuda de remédios ou de terapia, não sabem o que significa sofrer de depressão. São pessoas que confundem ficar triste de vez em quando com ser deprimido", disse nesta manhã o escritor norte-americano Andrew Solomon, durante entrevista na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

    Para o autor de "Demônio da Meia-Noite", a melhor recomendação que dá aos que procuram conselho sobre o tema é "sono regular, fazer exercícios e procurar um tratamento que seja a mescla de terapia com remédios".

    Solomon disse que recebe de cinco a trinta cartas por semana de seus leitores contando suas experiências particulares e buscando orientação. "São muito importantes para meu trabalho. Me ajudam a pensar as questões. E quando recebo carta de alguém que disse que ia cometer suicídio e depois de ler meu livro desistiu, sinto-me muito gratificado. Gosto de saber que a minha dor, o meu sofrimento, que me levaram a pesquisar esse assunto, pôde ajudar alguém que também sofria", comentou.

    Para o autor, o tabu que existe com relação à depressão remonta à Antiguidade, e foi confirmada durante o período iluminista, quando a doença foi tratada como algo subjetivo e que por isso não existia. E observou que "a oposição à depressão não é a felicidade, mas sim a vitalidade".

    Solomon adiantou o assunto de seu próximo livro, que será sobre a tendência de que passem a existir novos modelos de família, formadas por dois pais ou duas mães, pessoas que adotam crianças de maneira solitária e outras soluções. Para isso, usa sua própria experiência, de criar filhos com o parceiro. "Como definimos as famílias é algo que está em rápida mudança nos dias de hoje, e meu principal assunto nesse estudo é definir o que significa paternidade e maternidade em nossas vidas."

    Comentando o caso do adolescente envolvido no Massacre de Columbine de que trata em seu livro "Longe da Árvore", Solomon disse que "já não culpamos mais os pais quando um filho se diz homossexual, mas seguimos culpando os pais quando os filhos são criminosos. E há criminosos que nascem em famílias felizes e amorosas. Deveríamos buscar outro modo de olhar para a questão".

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