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    Acordos internos fazem ABL ter sucessão tripla sem disputas

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    02/08/2014 02h11

    A disputa pelas cadeiras vazias na ABL (Academia Brasileira de Letras) não deve causar dor de cabeça aos candidatos à "imortalidade".

    Acadêmicos ouvidos pela reportagem dão como certo que as vagas serão ocupadas pelo poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar, pelo historiador Evaldo Cabral de Mello e pelo jornalista e escritor Zuenir Ventura.

    Os três já se candidataram aos lugares deixados em aberto após a morte dos escritores Ivan Junqueira (3/7), João Ubaldo Ribeiro (18/7) e Ariano Suassuna (23/7).

    Gullar vem recebendo convites para se candidatar há mais de 20 anos, portanto seu lugar na vaga do também poeta Ivan Junqueira é considerado como bem guardado.

    Mas uma discreta dança das cadeiras marcou a candidatura às outras duas.

    Zanone Fraissat - 6.ago.2013/Folhapress
    O poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar, na noite de lançamento de seu livro "A Menina Cláudia e o Rinoceronte"
    O poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar, na noite de lançamento de seu livro "A Menina Cláudia e o Rinoceronte"

    Ventura, que havia se candidatado à sucessão de Ubaldo no último dia 24, trocou para a vaga de Suassuna para evitar competir com o historiador Evaldo Cabral de Mello, irmão do poeta e acadêmico João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

    "Um acordo de cavalheiros", foi como o imortal Cícero Sandroni descreveu a manobra dos acadêmicos.

    O mérito de Cabral de Mello era inegável a todos. Historiador importante, foi organizador inclusive de um livro sobre um dos fundadores da casa, Joaquim Nabuco. Mas Ventura é visto com admiração pelos colegas.

    SUCESSÕES POLÊMICAS

    A tripla sucessão deste ano se desenha tranquila, mas a Academia já viu eleições polêmicas, como a de Roberto Campos (1917-2001), em 1999.

    Ministro na ditadura, Campos concorreu à vaga do comunista Dias Gomes (1922-1999), provocando revolta na viúva do escritor. Mesmo com a polêmica, foi eleito.

    A sucessão do economista causaria nova controvérsia –a vaga foi preenchida por Paulo Coelho, em 2002.

    Para alguns, a obra do autor de best-sellers não era considerada digna, mas seus defensores argumentavam que a notoriedade do escritor justificava sua presença e atrairia atenção para a ABL.

    Também não foi fácil explicar a entrada do cirurgião plástico Ivo Pitanguy.

    SIMPATIA

    Para ocupar uma cadeira na academia, é preciso, além de ser brasileiro e ter publicado ao menos um livro, ter muitas qualidades, mas a de que os acadêmicos não abrem mão é a simpatia.

    "Elegemos por mérito, mas temos uma inclinação por aqueles que não são chatos", diz o imortal Alberto da Costa e Silva. Ele acrescenta que é uma "seleção natural".

    Por divertida coincidência, uma das revistas literárias onde surgiu a ideia para a ABL chamava-se "Panelinha".

    *

    DISPUTA PELA IMORTALIDADE

    Conheça as cadeiras que ficaram vazias e seus principais concorrentes:

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    O escritor Ariano Suassuna
    O escritor Ariano Suassuna

    CADEIRA 32 Pertencia a Ariano Suassuna, escritor e dramaturgo paraibano morto aos 87 anos
    ELEITO EM 3/8/1989, na sucessão de Genolino Amado
    PATRONO Araújo Porto-Alegre (1806-1879)
    PRINCIPAIS CONCORRENTES Zuenir Ventura, 83, jornalista e escritor mineiro

    Leticia Moreira/Folhapress
    O escritor João Ubaldo Ribeiro, na Flip, em 2011
    O escritor João Ubaldo Ribeiro, na Flip, em 2011

    CADEIRA 34 Pertencia a João Ubaldo Ribeiro, jornalista e escritor baiano, morto aos 73 anos
    ELEITO EM 7/10/1993, na sucessão de Carlos Castello Branco
    PATRONO Sousa Caldas (1762-1814)
    PRINCIPAIS CONCORRENTES Evaldo Cabral de Mello, 78, historiador e escritor pernambucano; Thiago de Mello, 88, poeta e tradutor amazonense

    Ana Carolina Fernandes - 6.nov.2003/Folhapress
    O poeta Ivan Junqueira, em sua casa no Rio de Janeiro
    O poeta Ivan Junqueira, em sua casa no Rio de Janeiro

    CADEIRA 37 Pertencia a Ivan Junqueira, jornalista, tradutor e crítico literário carioca, morto aos 79 anos
    ELEITO EM 30/3/2000, na sucessão de João Cabral de Melo Neto
    PATRONO Tomás Antônio Gonzaga (1744-1807)
    PRINCIPAIS CONCORRENTES Ferreira Gullar, 83, poeta, crítico, tradutor, memorialista e ensaísta maranhense

    *

    QUEM É QUEM NA ABL

    CADEIRA 1
    Ana Maria Machado, 72, escritora carioca
    ELEITA EM 24/4/2003, na sucessão de Evandro Lins e Silva
    PATRONO Adelino Fontoura (1859-1884)

    2
    Tarcísio Padilha, 86, filósofo carioca
    ELEITO EM 20/3/1997, na sucessão de Mário Palmério
    PATRONO Álvares de Azevedo (1831-1852)

    3
    Carlos Heitor Cony, 88, jornalista e escritor carioca
    ELEITO EM 3/3/2000, na sucessão de Herberto Sales
    PATRONO Artur de Oliveira (1851-1882)

    4
    Carlos Nejar, 75, poeta, ficcionista, tradutor e crítico literário
    ELEITO EM 24/11/1988, na sucessão de Vianna Moog
    PATRONO Basílio da Gama (1740-1795)

    Paula Giolito/Folhapress
    O escritor e acadêmica Carlos Nejar
    O escritor e acadêmica Carlos Nejar

    5
    José Murilo de Carvalho, 74, cientista político e historiador mineiro
    ELEITO EM 11/3/2004, na sucessão de Rachel de Queiroz
    PATRONO Bernardo Guimarães (1825-1884)

    6
    Cícero Sandroni, 79, jornalista e escritor paulista
    ELEITO EM 25/9/2003, na sucessão de Raimundo Faoro
    PATRONO Casimiro de Abreu (1839-1860)

    7
    Nelson Pereira dos Santos, 85, diretor de cinema paulista
    ELEITO EM 9/3/2006 na sucessão de Sergio Corrêa da Costa
    PATRONO Castro Alves (1847-1871)

    8
    Cleonice Berardinelli, 97, professora carioca
    ELEITA EM 16/12/2009, na sucessão de Antônio Olinto
    PATRONO Cláudio Manoel da Costa (1729-1789)

    9
    Alberto da Costa e Silva, 83, diplomata, poeta, ensaísta e historiador paulista
    ELEITO EM 27/7/2000, na sucessão de Carlos Chagas Filho
    PATRONO Domingos Gonçalves de Magalhães (1811-1882)

    10
    Rosiska Darcy de Oliveira, 70, jornalista, ensaísta e escritora carioca
    ELEITA EM 11/4/2013, na sucessão de Lêdo Ivo
    PATRONO Evaristo da Veiga (1799-1837)

    11
    Helio Jaguaribe, 91, sociólogo e cientista político carioca
    ELEITO EM 3/3/2005 na sucessão de Celso Furtado
    PATRONO Fagundes Varela (1841-1875)

    12
    Alfredo Bosi, 77, historiador paulista
    ELEITO EM 20/3/2003, na sucessão de Dom Lucas Moreira Neves
    PATRONO França Júnior (1838-1880)

    13
    Sergio Paulo Rouanet, 80, filósofo, diplomata, tradutor e ensaísta carioca
    ELEITO EM 23/4/1992, na sucessão de Francisco de Assis Barbosa
    PATRONO Francisco Otaviano (1825-1889)

    14
    Celso Lafer, 72, paulista, advogado, jurista, professor e ex-ministro das Relações Exteriores
    ELEITO EM 21/7/2006, na sucessão de Miguel Reale
    PATRONO Franklin Távora (1842-1888)

    15
    Marco Lucchesi, 50, poeta, romancista, ensaísta e tradutor carioca
    ELEITO EM 3/3/2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila
    PATRONO Gonçalves Dias (1823-1864)

    Bruno Poletti/Folhapress
    A escritora Lygia Fagundes Telles, durante evento na ABL
    A escritora Lygia Fagundes Telles, durante evento na ABL

    16
    Lygia Fagundes Telles, 91, escritora paulista
    ELEITA EM 24/10/1985, na sucessão de Pedro Calmon
    PATRONO Gregório de Matos (1636-1696)

    17
    Affonso Arinos de Mello Franco, 83, diplomata mineiro
    ELEITO EM 22/7/1999, na sucessão de Antonio Houaiss
    PATRONO Hipólito da Costa (1774-1823)

    18
    Arnaldo Niskier, 79, jornalista, professor e escritor carioca
    ELEITO EM 22/3/1984, na sucessão de Peregrino Júnior
    PATRONO João Francisco Lisboa (1812-1863)

    19
    Antonio Carlos Secchin, 62, poeta, ensaísta e crítico carioca
    ELEITO EM 3/6/2004, na sucessão de Marcos Almir Madeira
    PATRONO Joaquim Caetano da Silva (1810-1873)

    20
    Murilo Melo Filho, 85, advogado, jornalista e escritor potiguar
    ELEITO EM 25/3/1999, na sucessão de Aurélio de Lyra Tavares
    PATRONO Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)

    Xavier Gonzalez
    O escritor Paulo Coelho
    O escritor Paulo Coelho

    21
    Paulo Coelho, 66, escritor carioca
    ELEITO EM 25/7/2002 na sucessão de Roberto Campos
    PATRONO Joaquim Serra (1838-1888)

    22
    Ivo Pitanguy, 88, cirurgião plástico mineiro
    ELEITO EM 11/10/1990, na sucessão de Luís Viana Filho
    PATRONO José Bonifácio (1827-1886)

    23
    Antônio Torres, 73, jornalista e escritor baiano
    ELEITO EM 7/11/2013, na sucessão de Luiz Paulo Horta
    PATRONO José de Alencar (1829-1877)

    24
    Sábato Magaldi, 87, crítico teatral, teatrólogo, jornalista, professor, ensaísta e historiador mineiro
    ELEITO EM 8/12/1994, na sucessão de Ciro dos Anjos
    PATRONO Júlio Ribeiro (1845-1890)

    25
    Alberto Venancio Filho, 80, advogado, jurista, professor e historiador carioca
    ELEITO EM 25/7/1991, na sucessão de Afonso Arinos de Melo Franco
    PATRONO Junqueira Freire (1832-1855)

    26
    Marcos Vilaça, 75, advogado, jornalista, professor, ensaísta e poeta pernambucano
    ELEITO EM 11/4/1985, na sucessão de Mauro Mota
    PATRONO Laurindo Rabelo (1826-1864)

    27
    Eduardo Portella, 81, crítico, professor, escritor, advogado e político baiano
    ELEITO EM 19/3/1981, na sucessão de Otávio de Faria
    PATRONO Maciel Monteiro (1804-1868)

    28
    Domício Proença Filho, 78, professor e pesquisador carioca
    ELEITO EM 23/3/2006 na sucessão de Oscar Dias Corrêa
    PATRONO Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)

    29
    Geraldo Holanda Cavalcanti, 85, diplomata, poeta, ensaísta e tradutor pernambucano
    ELEITO EM 2 /6/2010, na sucessão de José Mindlin
    PATRONO Martins Pena (1815-1848)

    Divulgação
    A escritora Nélida Piñon
    A escritora Nélida Piñon

    30
    Nélida Piñon, 77, escritora carioca
    ELEITA EM 27/7/1989, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda
    PATRONO Pardal Mallet (1864-1894)

    31
    Merval Pereira, 64, jornalista e escritor carioca
    ELEITO EM 2/6/2011, na sucessão de Moacyr Scliar
    PATRONO Pedro Luís (1839-1884)

    33
    Evanildo Bechara, professor, 86, gramático e filólogo pernambucano
    ELEITO EM 1/12/2000, na sucessão de Afrânio Coutinho
    PATRONO Raul Pompéia (1863-1895)

    35
    Candido Mendes, 86, professor, educador, advogado, sociólogo e cientista político carioca
    ELEITO EM 24/8/1989, na sucessão de Celso Cunha
    PATRONO Tavares Bastos (1839-1875)

    36
    Fernando Henrique Cardoso, 83, ex-presidente, sociólogo, cientista político, professor e escritor carioca
    ELEITO EM 27/6/2013, na sucessão de João de Scantimburgo
    PATRONO Teófilo Dias (1854-1889)

    38
    José Sarney, 84, político e escritor maranhense
    ELEITO EM 17/7/1980, na sucessão de José Américo de Almeida
    PATRONO Tobias Barreto (1839-1889)

    39
    Marco Maciel, 74, advogado, professor e político pernambucano
    ELEITO EM 18/12/2003, na sucessão de Roberto Marinho
    PATRONO Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878)

    40
    Evaristo de Moraes Filho, 100, advogado e escritor brasiliense
    ELEITO EM 15/3/1984, na sucessão de Alceu Amoroso Lima
    PATRONO Visconde do Rio Branco (1819-1880)

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