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    Bailarina interpreta sonhos femininos no espetáculo 'Rêverie'

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    06/08/2014 02h27

    O espetáculo "Rêverie" começou a surgir quando a bailarina Morena Nascimento viu uma exposição de fotomontagens da alemã Grete Stern (1904-99) em um museu de Buenos Aires.

    Na mostra "Sonhos" (exibida no Brasil em 2009), estavam os trabalhos feitos por Stern entre 1948 e 1952 para ilustrar a coluna "A Psicanálise lhe ajudará", da revista argentina "Idilio".

    A seção da revista era feita com cartas de leitoras relatando seus sonhos, para que fossem interpretados à luz da psicanálise pelo professor de sociologia Gino Germani.

    "Sempre flertei com o surrealismo. Assim que vi a exposição resolvi fazer alguma coisa com aquilo", conta Morena à Folha.

    Fabio Braga/Folhapress
    Morena Nascimento ensaia 'Rêverie' em estúdio em São Paulo
    Morena Nascimento ensaia 'Rêverie' em estúdio em São Paulo

    Os sonhos mais loucos das mulheres da década de 1950 se transformaram no solo que a bailarina mostra agora em São Paulo.

    "Revêrie" foi apresentado pela primeira vez na Alemanha, no festival em comemoração aos 40 anos da Tanztheater Wuppertal, companhia criada pela coreógrafa Pina Bausch (1940-2009).

    Morena fez parte da companhia alemã de 2007 a 2009 (ela é a brasileira que dá seu depoimento no filme "Pina", de Wim Wenders). Bausch é conhecida por unir dança e teatro, mas Morena diz que só agora, com "Rêverie", está entendendo o que é isso.

    O espetáculo foi montado em conjunto com a dramaturga brasileira Carolina Bianchi e, pela primeira vez, a bailarina teve que decorar textos mais longos.

    Além de interpretá-los, Morena canta e contracena com slides e com a sua própria sombra, projetada na parede do palco quase nu.

    Mas ela afirma que o espetáculo é, antes de tudo, movimento. "As pessoas gostam de dizer 'transita entre teatro e dança', mas acho isso uma bobagem", diz.

    É dançando que Morena refaz os sonhos e os corpos das mulheres dos anos 1950. No espetáculo, não há cenário (apenas uma cadeira), e a bailarina usa o mesmo figurino austero do começo ao fim.

    "A roupa é do pós-Guerra na Alemanha, uso uma saia que contém os movimentos. Não é fácil dançar com essa roupa, mas queria mostrar esse corpo mais tenso."

    No decorrer de "Rêverie" (devaneio, em francês), a tensão corporal vai se dissolvendo. "Tem um final não necessariamente alegre, mas feliz de verdade, que se resolve no corpo", afirma Morena.

    RÊVERIE
    QUANDO de 14/8 a 24/8 (Galeria Olido), qui. a sab., às 20h; de 29/8 a 31/8 (Teatro Cacilda Becker), sex. e sáb, às 21h, dom., às 19h
    ONDE Galeria Olido, av. São João, 473, tel. (11) 3331-8399; Teatro Cacilda Becker, r. Tito, 295, tel. (11) 3864-4513
    QUANTO grátis; ingressos distribuídos 60 min. antes do espetáculo
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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